FEMINISMO INTERSECCIONAL

FORTALECENDO O MOVIMENTO A PARTIR DA TRANSNACIONALIDADE

  • Lorena de Oliveira
  • Eduarda Maria Murad
Palavras-chave: América Latina, Feminismo, Fronteiras, Interseccionalidade, Transnacionalidade

Resumo

O artigo analisa as conexões entre o feminismo transnacional, a interseccionalidade e a decolonialidade. Primeiramente, a
análise consistiu em um resgate histórico e conceitual da interseccionalidade, relacionando-a com os movimentos sociais e,
posteriormente, com o campo científico. Nessa análise, as experiências do movimento feminista negro permitiram relacionar a
prática de resistência e luta com o campo teórico, o que gerou a ampliação do conceito de interseccionalidade para além do
trinômio gênero, raça e classe. No decorrer do estudo, exploramos a transnacionalidade como proposta de um movimento
feminista sem fronteiras, o qual se expande exponencialmente, especialmente nos países da América Latina. Assim,
conceituamos a transnacionalidade e a relacionamos com o viés interseccional, destacando a possibilidade de se pensar
territórios discriminatórios a partir das realidades das/os sujeitas/os e não do recorte geográfico. Nesse sentido, percebemos
também que a decolonialidade é um fator essencial para análise e para o fortalecimento de um movimento feminista
internacional, que seja capaz de atuar com diferentes grupos de mulheres sem apagar as diferenças daquelas localizadas nas
fronteiras. Ao final, podemos constatar que o feminismo transnacional depende de um caminho trilhado a partir da
decolonialidade, como consciência, e da interseccionalidade, como teoria crítica social e metodologia de resistência, pois, caso
contrário, o movimento pode incidir nas correntes da homogeneidade e gerar novas formas de silenciamento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANZALDÚA, Gloria. Borderlands/La Frontera: The new mestiza. San
Francisco: Aunt Lute Books, 1987.
ARRUZZA, Cinzia; BHATTACHARYA, Tithi; FRASER, Nancy. Feminismo
para os 99%: um manifesto. São Paulo: Boitempo, 2019.
CASTELLANOS, Rosario. El eterno femenino. México: Fondo de Cultura
Económica, 1975.
COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. Tradução de
Rane Souza. São Paulo: Boitempo, 2021.
COLLINS, Patricia Hill. Bem mais que ideias: a interseccionalidade como
teoria social crítica. Tradução de Bruna Barros. São Paulo: Boitempo, 2022.
COSTA, Claudia de Lima. Interrogando Lugones: reflexões sobre um debate
inconcluso. Revista Estudos Feministas, v. 30, n. 1, e85070, 2022.
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2022v30n185070.
CRENSHAW, Kimberlé. Mapping the margins: intersectionality, identity
politics, and violence against women of color. Stanford Law Review,
Califórnia, n.6, p. 1.241-1.299, 1991.
CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em
aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, v.
10, n. 1, p. 171-188, 2002. https://doi.org/10.1590/S0104-
026X2002000100011.
CRENSHAW, Kimberlé. A interseccionalidade na discriminação de raça e
gênero. In: VV.AA. Cruzamento: raça e gênero. Brasília: Unifem, 2004.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução de Heci Regina Candiani.
São Paulo: Boitempo, 2016.
FEDERICI, Silvia. O ponto zero da revolução: trabalho doméstico,
reprodução e luta feminista. São Paulo: Editora Elefante, 2019.
GAGO, Verónica. A potência feminista, ou o desejo de transformar tudo.
Tradução de Igor Peres. São Paulo: Elefante, 2020.
INTER-PARLIAMENTARY UNION (IPU). Monthly ranking of women in
national parliaments. Disponível em: https://data.ipu.org/womenranking?month=11&year=2022. Acesso em: 05 de dezembro de 2022.
LEAR, Martha Weinman. The Second Feminist Wave. In: The New York
Times Magazine. March, 1968.
LUGONES, Maria. Colonialidad y género. Tabula Rasa, n. 09, p. 73-101,
2008. Disponível em: https://www.revistatabularasa.org/numero9/05lugones.pdf. Acesso em: 07 out. 2022.
Publicado
2023-01-17
Seção
DOSSIÊ - INTERSECCIONALIDADES: EXPERIÊNCIAS, OLHARES, REFLEXÕES E ENGAJAMENTO