INTERSECCIONALIDADE OU CONSUBSTANCIALIDADE
FAZ DIFERENÇA PARA PENSAR A DIFERENÇA?
Abstract
O artigo propõe um estudo teórico-exploratório de duas perspectivas analíticas diferentes para a compreensão de gênero, raça
e classe, além de outros marcadores sociais, como idade, sexualidade, nacionalidade, etnia, religião e deficiência: a
interseccionalidade e a consubstancialidade. Busca-se desenvolver um exercício reflexivo sobre elas, apresentando seus
fundamentos teóricos, assim como articulando possíveis pontos de encontro e divergência. Para tanto, parte-se da
interseccionalidade, a perspectiva mais difundida nos estudos sobre gênero atualmente, cuja origem remonta ao feminismo
negro estadunidense, para seguir para a apresentação daquela menos destacada no debate, a consubstancialidade, ligada
sobretudo ao feminismo materialista francês. A análise das divergências entre as duas perspectivas é organizada em quatro
itens: primeiro, o uso de categorias descritivas de identidade ou relações sociais; segundo, a mobilização de metáforas de
entrecruzamento de eixos ou de espiral; terceiro, as diferentes concepções acerca da relacionalidade; quarto, o favorecimento
de determinadas dimensões de gênero, raça e classe. Por fim, argumenta-se que o uso da interseccionalidade e da
consubstancialidade produz diferentes implicações analíticas, tanto de ordem metateórica quanto de abrangência dos
fenômenos sociais, de maneira que sua aplicação pelos pesquisadores deve ser estratégica, consciente e não intercambiável.
Sem sugerir a primazia de uma perspectiva sobre a outra, objetiva-se contribuir para complexificar o debate sobre os
marcadores sociais da diferença, acrescentando pluralidade às discussões teórico-analíticas.
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