MONTAGENS, SINTOMAS E IMAGENS: ALTERNATIVAS PARA UMA PRÁXIS URBANA EMERGENTE NA CONTEMPORANEIDADE
Resumo
O artigo problematiza a abordagem sintética das imagens no âmbito do campo disciplinar do Urbanismo, especificamente a partir do pensamento de Kevin Lynch. Compreende-se a noção de imaginabilidade da cidade conforme proposta pelo autor na esteira de uma disposição cartesiana e funcionalista das imagens urbanas. Essa disposição da imagem opera por sínteses, ou seja, visando o apaziguamento ao invés do conflito. Como contraponto, este trabalho explora a montagem de imagens como possibilidade de “rasgar” a imaginabilidade urbana. Dessa forma, busca aproximá-la do sentido de uma práxis emergente, porque ocupa-se de complexificar os pressupostos essenciais e universais da teoria urbana, criticando sua racionalidade intrínseca e fazendo “emergir” seus próprios sintomas, numa via estética e política. A montagem é um procedimento tomado da filosofia e das vanguardas artísticas, que consiste simultaneamente em um modo de pensamento e uma forma de expressão. A noção de rasgadura consiste na abertura de sentidos que o conflito permite, expondo os sintomas. É uma operação que resulta sempre em imagens plurais e heterogêneas, explorando não só dimensões estéticas, mas também políticas. As noções de imagem, montagem, rasgadura e sintoma são compreendidas a partir de Georges Didi-Huberman e Walter Benjamin, e a discussão sobre estética e política a partir de Jacques Rancière. Ao criticar o sintetismo das imagens urbanas, operando em montagem, o trabalho experimenta possibilidades alternativas para uma práxis emergente na contemporaneidade.
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