A BRANQUIDADE DAS INTERVENÇÕES URBANAS E A VIDA NAS MARGENS: SALVADOR, ESSA BOLSA DE HISTÓRIAS

  • Juliana de Faria Linhares
  • Marina Silveira Muniz Ferreira
Palavras-chave: Salvador, BA; Margens; Precariedade; Branquidade; Modos de vida

Resumo

Esta composição se faz como uma bolsa, guardando histórias de “reexistências” evocadas desde e com moradoras/es das margens de Salvador, BA, sobretudo no encontro entre Itapuã e o Subúrbio Ferroviário. Buscamos – desde e com os encontros de pesquisa realizados nestas localidades –, possibilidades de incorporar, ao campo da arquitetura e urbanismo, imaginários, contornos, materialidades, potências e coexistências da vida nas margens, evocando outras tramas possíveis - e desembranquecidas - para pensar e atuar com a cidade. As histórias com as quais nos encontramos interconectam raça, gênero e classe e tensionam pressupostos e teorias colonialistas e racistas que fundamentam tanto intervenções urbanas quanto a práxis do campo da Arquitetura e Urbanismo. A partir, apesar e para além da branquidade das ações institucionalmente orquestradas nestes territórios, investigamos como as pessoas criam e recriam histórica e cotidianamente suas vidas e modos de viver por meio da implicação ético-politica junto e com as/os moradoras/es das margens, documentando, visibilizando, disputando, reconstruindo e fazendo pensar sobre as múltiplas formas de fazer-cidade e moradia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGIER, M. Do direito à cidade ao fazer-cidade: o antropólogo, a margem e o centro. MANA, v. 21, n. 3, p. 483-498, 2015. BAHIA (Estado). Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER). Painel de informações: dados socioeconômicos do município de Salvador por bairros e prefeituras-bairro /Sistema de Informações Geográficas Urbanas do Estado da Bahia (INFORMS - Organizador). 5ª ed., Salvador: CONDER/ INFORMS, 2016. 189 p. BENTO, M. A. S. Branqueamento e Branquitude no Brasil. In: Carone, I. & Bento, M. A. da S. (orgs.) Psicologia Social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Editora Vozes, 2016. p. 59-90. BORGES, A. Mulheres e suas casas: reflexões etnográficas a partir do Brasil e da África do Sul. Cadernos pagu, n. 40, p. 197-227, jan./jun. 2013. BORGES, A. Very Rural Background: os desafios da composição-terra da África do Sul e do Zimbábue à chamada Educação Superior. Rev. antropol. v. 63 n. 3. São Paulo, online, 2020.
BORGES, A.; BELISÁRIO, G.; PATERNIANI, S. Habitação precária, gente promíscua: a branquidade-heterossexualidade do Estado via política habitacional e o futuro do cortiço-quilombo. 45º Encontro Anual da Anpocs, 2021. BUTLER, J. Quadros de Guerra: quando a vida é passível de luto?. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015. CARNEIRO, A. S. A Construção do Outro como Não-Ser como fundamento do Ser. 2005. 339f. Tese (Doutorado em Filosofia da Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. CORDEIRO, V., et al. Como produzir conhecimento nos encontros entre mulheres? Reflexões sobre experiências teórico-metodológicas com e desde as margens da cidade. Revista brasileira de estudos urbanos e regionais. v.23, E2021XX, 2021. COSTA, A. L. R. da. Ekabó! Trabalho escravo, condições de moradia e reordenamento urbano em Salvador no século XIX. Dissertação (mestrado) — Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1989. DAS, V. Life and Words. Violence and the descent into the ordinary. Berkeley, University of California Press, 2007. DE JESUS, C. M. Branquitude X Branquidade: Uma análise conceitual do ser branco. In: III Ebecult - Encontro Baiano de Estudos em Cultura, 2012, Cachoeira. Anais III Ebecult, 2012. DE LA CADENA, M. Earth Beings: Ecology of Practice across Andean Worlds. Durham and London: Duke University Press, 2015. FELTRAN, G. Fronteiras de tensão: política e violência nas periferias de São Paulo. São Paulo: Editora Unesp/CEM/CEBRAP, 2011. FIGUEIREDO, G. C. S.; ESTÉVEZ, B.; ROSA, T. T. The Black City: Modernisation and fugitivities in Salvador, Bahia, Brazil. Radical Housing Journal, v. 2, p. 55–82, dec. 2020. FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008. GALINDO, E.; JÚNIOR, Jorge. A Cor da Moradia: apontamentos sobre raça, habitação e pandemia. Boletim de Análise Político-Institucional, n. 26, mar. 2021. GANDON, T. R.A. A voz de Itapuã. Salvador: Edufba, 2018. GONZALEZ, L.; HASENBALG, C. Lugar de negro. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1982.
GONZALEZ, L. A categoria político-cultural de amefricanidade. In: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, nº. 92/93, jan./jun. 1988, p. 69-82. HARNEY, S; MOTEN, F. Pretitude e governança. In: Arte & Ensaios – revista do ppgav/eba/ufrj. N.37, março 2019. hooks, b. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Tradução: Bhuvi Libânio, 8. Ed., Rio de Janeiro: Rosa dos tempos, 2019. 176p.
LE GUIN, U. K. A teoria da bolsa da ficção. São Paulo: n-1 edições: 2021. LEAL, M. G. A. O Trapiche Barnabé no contexto portuário da Salvador do século XVIII ao XX. In: VELASCO E CRUZ, María Cecília, LEAL, Maria das Graças de Andrade, PINHO, José Ricardo Moreno (orgs.). Histórias e espaços portuários: Salvador e outros portos. Salvador: Edufba, 2016. pp. 77-122. LUZ, N. C. P. Itapuã da ancestralidade africano-brasileira. EDUFBA, 2012. MACEDO, R. S.; MACEDO DE SÁ, S. M. A etnografia crítica como aprendizagem e criação de saberes e a etnopesquisa implicada: entretecimentos. Currículo sem Fronteiras, online, v. 18, n. 1, jan./abr. 2018, pp. 324-336. MBEMBE, A. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção e política da morte. São Paulo: n-1 edições, 2018.
MCKTTRICK, K. On plantations, prisons, and a black sense of place. In: Social & Cultural Geography, Vol. 12, No. 8, December 2011. pp. 947-936. MIRAFTAB, F. Insurgência, planejamento e a perspectiva de um urbanismo humano. In: Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais. (ONLINE), RECIFE, V.18, N.3, Set-Dez, 2016, pp. 363-377.
NASCIMENTO, M. B. Beatriz Nascimento, Quilombola e Intelectual: possibilidades nos dias da destruição. Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2018. PATERNIANNI, S. Z. São Paulo cidade negra: branquidade e afrofuturismo a partir de lutas por moradia. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília, 2019. PEREIRA, G. L. Apontamentos sobre a dimensão imaginativa da existência negra nas cidades. In: SALVADOR E SUAS CORES, 4, 2018, Salvador. Anais do IV Salvador e suas cores. Salvador: UFBA, 2018. PIZA, E. Adolescência e racismo: uma breve reflexão. In: 1º Simpósio Internacional do Adolescente, 2005. Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000082005000100022&script=sci_arttext . Acesso em 03 agosto de 2022. PIZA, E. Porta de vidro: entrada para branquitude. In: Carone, I. & Bento, M. A. da S. (orgs.) Psicologia Social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Editora Vozes, 2016. pp. 59-90. RAMOS, M. E. R. Bairros Negros: uma Lacuna nos Estudos Urbanísticos - Um estudo empírico-conceitual no Bairro do Engenho Velho da Federação, Salvador (Bahia). Tese (doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia, 2013. ROSA, T. T. Pensar por margens. In: JACQUES, P. B; PEREIRA, M. S (Orgs). Nebulosas do pensamento Urbanístico: Tomo 1 - Modos de pensar. Salvador: EDUFBA, 2018. SANDERCOCK, L. Making the Invisible Visible: A Multicultural Planning History. California: University of California Press, 1998. SANTOS, J. E. F.; et al. Acervo da Laje: espaço e memória do Subúrbio Ferroviário de Salvador. In: FERNANDES, A.; FIGUEREDO, G. C.; ESPINOZA, J. C. Práticas coletivas e o direito à cidade em Salvador, Bahia. Salvador: Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura. Programa de Pós-graduação, 2016. SANTOS, A. B. Somos da terra. In: PISEAGRAMA, Belo Horizonte, número 12, página 44 - 51, 2018. Disponível em: https://piseagrama.org/somos-da-terra/ . Acesso em: 28 mai. 2021 SANTOS, R. E. dos; et al. Disputas de lugar e a Pequena África no Centro do Rio de Janeiro: Reação ou ação? Resistência ou r-existência e protagonismo?. In: Natacha Rena; Daniel Freitas; Ana Isabel Sá; Marcela Brandão. (Org.). Seminário Internacional Urbanismo Biopolítico. 1ed.Belo Horizonte: Fluxos, 2018, v. 1, p. 464-491
SCOFIELD, T.; HARDMAN, Y.; LOIOLA, B. Estudo preliminar de arquitetura e urbanismo para a macro-área 2: Periperi / Praia Grande / Coutos; relatório fase IV. Salvador: SEPLAM; Fundação Mário Leal Ferreira, 2000. SILVA, M. A. P. Pedra de Xangô: um lugar sagrado afro-brasileiro na cidade de Salvador. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Arquitetura, Salvador, 2017. SILVA, N. A. Uma izidora e duas rosas: notas para uma perspectiva do espaço protagonizada por mulheres negras. Revista brasileira de estudos urbanos e regionais - Dossiê território, gênero e interseccionalidades, v. 23, 2021.
Publicado
2023-02-08