Gêneros não-binários etnohistóricos
o gênero Muxe e a colonialidade
Resumo
Este artigo busca entender a binariedade de gênero como uma invenção e imposição da
colonialidade. Para tanto, reflete-se sobre um caso etnohistórico de variação não-binária de
gênero: o caso do gênero muxe entre os zapotecas, no México, percebendo como uma sociedade
com um gênero não-binário se relaciona com a cis-heteronormatividade, o patriarcado e a
colonialidade. Justifica-se pelos poucos trabalhos acadêmicos sobre a não-binariedade de
gênero (ainda mais sobre as muxes) e a necessidade de pensá-la enquanto construção social,
cultural e histórica. Desse modo, o conceito de gênero, de acordo com Butler, Lugones e Segato,
é fundamental para a análise. Assim, percebe-se como a colonialidade define de forma binária,
dicotômica e hierárquica noções de gênero e as impõe como realidade natural, biológica e
universal.