A fortuna no Roman de Fauvel e sua relação com a tradição literária e religiosa da Civitate Dei e da Consolatio philosophiae na Idade Média
Abstract
Este trabalho versará acerca da interação da tradição cristã e não cristã na representação da deusa no medievo e sob a ótica da Civitate Dei de Agostinho e da Consoloatio philosiphae de Boécio, mostrando a distinção entre "naturezas" entre Fauvel e Fortuna, esta, descrita como a própria Providência divina e equalizada à Sabedoria, sua irmã.
Herdeira de divindades grega e romana, a Fortuna na Idade Média será vista como auxiliadora da providência divina perdendo o caráter deífico que lhe era próprio e sendo a ocasião e a sorte características de seu poder. Uma das narrativas poéticas medievais, no entanto, retoma a divindade de Fortuna retratando-a como filha de Deus e encarregada de governar o mundo, mas recuperando características da Antiguidade. Trata-se do Roman de Fauvel, poema elaborado na França do século XIV.