Escrita, biografia e sensibilidade
o discurso da memória soviética de Svetlana Aleksiévitch como um problema historiográfico
Abstract
O presente artigo se debruça sobre a obra da jornalista e escritora ucraniana/bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, ganhadora do Nobel de Literatura de 2015. Composta por milhares de testemunhos traumáticos, a obra se propõe escrever a história do “pequeno homem soviético” de maneira sensível, dando à memória individual valor reconstitutivo da experiência passada, de modo ao componente “memória” ser associado à “verdade”. Assim, com um olhar literário, e não historiográfico, a autora opõe, política e existencialmente, a memória biográfica à “gloriosa história da Vitória soviética”. Assim, busca-se investigar metodologicamente os usos da memória enquanto fonte em sua narrativa e trazer, a partir de uma preocupação biográfica, corporal e sensível, problematizações linguísticas e epistemológicas para a escrita da história contemporânea.