CONEXÕES DA INTERCULTURALIDADE PELAS BRECHAS DO ESTADO
CENAS ETNOGRÁFICAS SATERÉ-MAWÉ
Resumen
No presente artigo, trago descrições etnográfcas de três cenas de campo da pesquisa realizada junto aos Sateré-Mawé, povo tupi habitante da região do Baixo
Amazonas, de modo a refletir sobre processos de morfogênese e captura do Estado a partir de suas brechas. Assim, discuto a atuação de alguns interlocutores
Sateré-Mawé na Conferência Nacional de Política Indigenista, em Manaus, em
novembro de 2015, e a realização de Feiras Culturais pelas escolas da aldeia de
Castanhal e de Ponta Alegre, momentos de accountability com a Secretaria Municipal de Educação de Barreirinha-AM – cujo então prefeito era Mecias Sateré –
mas também momentos de instanciação de lideranças a partir da cosmopolítica
indígena. Dialogando com Veena Das e Marilyn Strathern, bem como com as aná-
lises de Renato Sztutman e Beatriz Perrone-Moisés sobre chefa indígena, destaco
como a polissemia da noção de “brecha”, com um certo deslizamento semântico
e pragmático sobre as margens de Veena Das, como oportunidades, descuidos,
imprevistos, indica um modo de morfogênese não apenas do Estado, mas das coletivizações indígenas em modo de canibalização do Estado, fazendo-se a partir
de capturas de potências externas.