RESIDÊNCIA DO SENHOR ANTÔNIO
habitação de taipa e barro, lugares de memória e memória de lugares
Abstract
A noção de patrimônio edificado mais difundida no Brasil é representada pelos grandes casarões e estabelecimentos elitistas que remontam às épocas colonial e imperial e, em alguns casos, até mesmo a projetos do início do século XX. Logo, a legitimação desta noção de patrimônio interfere no processo de autoafirmação dos indivíduos, apresentando-se como instrumento de afirmação de um projeto de poder, ao mesmo tempo que obscurece e silencia a memória de outros segmentos sociais. Neste artigo, trabalhamos com a história oral segundo o conceito de Michael Pollak
que, ao dar voz às “memórias subterrâneas” faz com que grupos subalternos possam ser ouvidos e terem suas memórias preservadas. O artigo parte dos dados obtidos junto à comunidade Barreiro do Café, localizada na área rural do município de São Raimundo Nonato, Piauí. Tais dados, oriundos de uma pesquisa que se localiza na interface entre a Arqueologia e a História, demonstram a necessidade de ampliação da noção de patrimônio para que agregue a memória de grupos subalternos do semiárido nordestino que são representativos da memória regional e que costumam ser esquecidos.