DA CRIAÇÃO AO ABATE

Etnografias dos caminhos da pecuária no Brasil

  • Flávia Rieth
  • Felipe Vander Velden

Resumo

Nos últimos anos, telespectadores de todo Brasil foram surpreendidos por certas inserções  comerciais na programação televisiva, pouco usuais, até então. Primeiro, a propaganda de uma indústria frigorífica, que, ao advogar que “carne tem nome” (ou seja, marca, identidade), ocultava a enorme expansão e a feroz concorrência no interior de um negócio que, para a maioria dos consumidores brasileiros, resumia-se a uma cadeia simples, largamente anônima, que levava animais dos pastos e currais (vivos) aos açougues (em pedaços), onde eram adquiridos, sem maiores questionamentos de ordem macroeconômica ou sociopolítica. Segundo, uma enxurrada
de vídeos celebratórios do agronegócio e de seus vários setores ou componentes – que iam do boi às abelhas, da agricultura familiar à irrigação – que acabou por colocar na boca do povo o bordão em cuja parte final ouve-se: “agro é tudo”. Não parecem restar dúvidas, assim, de que a investida do setor agropecuário nas grandes mídias aponta para a centralidade do negócio para o país: não somente para a economia, mas, sobretudo, para a identidade – ou, melhor dizendo, para o projeto de economia e de identidade que certas elites nacionais desenham para o Brasil.

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Publicado
2022-02-22
Seção
Dossiê: Da criação ao abate. Etnografias dos caminhos da pecuária no Brasil