AGENTE PENITENCIÁRIO E/OU PESQUISADOR? TRABALHO E PESQUISA NA PRISÃO DESDE UM LUGAR RELACIONAL
Resumen
Este artigo tem o objetivo de problematizar o trabalho e a pesquisa a partir de um lugar relacional para com as prisões cearenses. Narrado em primeira pessoa, o texto é um recorte de uma pesquisa etnográfica sobre o aprisionamento de travestis no Ceará. Trata-se de reflexões esboçadas desde o meu exercício profissional como agente penitenciário, ao trabalho etnográfico que fiz em três penitenciárias que aprisionam travestis. Aponto o lugar relacional como determinante para concessão da permissão para a entrada, permanência e interlocução com os sujeitos nas prisões que escolhi como campo de pesquisa, e implicou diretamente nas questões metodológicas e operacionais. Embasado nos dilemas metodológicos e operacionais da pesquisa etnográfica, me proponho a discutir o trabalho dos agentes penitenciários no cotidiano da prisão e os desafios enfrentados pelo pesquisador que estuda o campo em que atua profissionalmente. Destaco que, assumir papéis relacionais em um campo multissituado, implica em ser produzido no campo a partir de relações polissêmicas. O lugar relacional para com a prisão e a minha vinculação acadêmica, como acadêmico/pesquisador da sociologia, me permitiu pensar o rendimento das experiências entre presos, não-presos, Estado e travestis ocorridas no Ceará para os estudos sobre prisões, relações de gênero e sexualidade no Brasil.