REFLEXÕES SOBRE (DES)LOCAMENTOS DA PRODUÇÃO ACADÊMICA
DOS MODELOS (TÁTEIS) QUE REPRESENTAM UM PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO AOS MODELOS (EPIS) QUE REPRESENTAM UM CENÁRIO DE PANDEMIA
Abstract
O presente artigo apresenta reflexões sobre o processo de deslocamento de produção científica e tecnológica, no âmbito de um projeto na área de representação gráfica e digital, ocorrido após o cancelamento das atividades acadêmicas presenciais devido à pandemia COVID-19. Tal produção estava dirigida ao projeto e execução de jogos didáticos relativos ao patrimônio arquitetônico de Pelotas, com o intuito de sua valorização e difusão, utilizando-se de modelos táteis deste Patrimônio. Estas atividades foram sendo permeadas e conduzidas para a produção de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) destinados aos profissionais da saúde, para o enfrentamento da pandemia. Ambas as ações envolvem o uso de tecnologias de representação e fabricação digitais, ainda em processo de apropriação no campo formativo de arquitetura, contexto em que se configura esta reflexão. Para pensar e problematizar tal deslocamento, a reflexão se apoia nas teorias de Ann S. Masten, sobre contextos e processos de resiliência social, na teoria da “sociedade de risco” de Ulrich Beck e em escritos de Eduardo Galeano, os quais, em sintonia com os demais, abordam o medo como inibidor de ações resilientes na sociedade moderna. Tais abordagens auxiliam a compreender este (des)locamento, interpretado como potencializador da formação acadêmica e ativador de novas dinâmicas de produção. A experiência formativa, envolvendo a fabricação digital, desde a produção de modelos táteis a de EPIs, de representações de interesse didático e cultural a representações de interesse social, tem provocado reorganizações e conexões intra e interinstitucionais, exigindo a ampliação da capacidade de resiliência de cada um dos atores envolvidos, para o enfrentamento coletivo de riscos e medos frente à realidade, preparando para a atividade profissional junto à complexidade contemporânea.