A CARTOGRAFIA PARECE SER MAIS UMA ÉTICA (E UMA POLÍTICA) DO QUE UMA METODOLOGIA DE PESQUISA
Resumen
Redigido a partir de uma fala para o evento Deleuze: modos de usar (2020), este ensaio se sustenta a partir da intuição de que a cartografia, tal qual é verificada na obra de Gilles Deleuze e Félix Guattari, mostra-se mais como uma ética e uma política do que uma metodologia de pesquisa propriamente dita. Para isso, toma como campo de análise fragmentos de livros publicados no final dos anos 1970 e início de 1980, em especial Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia e Diálogos, período em que a cartografia aparece pela primeira vez nas obras dos respectivos autores. Embora pesquisadoras e pesquisadores, especialmente no Brasil, tenham assumido a cartografia como um método de investigação, o que se lê em Deleuze e Guattari é uma série de apontamentos em prol do que poderíamos chamar de uma ética cartográfica, aqui sustentada como um lugar de partida, e não de chegada. O ensaio encerra com um poema coletivo produzido pela(o)s participantes do referido evento, finalizando com uma assertiva que sintetiza o que parece ser o movimento de tal ética: “cartografar é alçar voo”.