SOBRE UMA IDENTIDADE NORDESTINA E SUA REPRESENTAÇÃO NO CINEMA DE ANIMAÇÃO PERNAMBUCANO
Abstract
As temáticas locais e seus elementos identitários correspondem a um dos principais artifícios para a estruturação de uma identidade regional em produções culturais realizadas em regiões periféricas. Esta identidade é, na maioria das vezes, usada como reação política e estética a um padrão globalizado imposto pelos grandes centros produtores de cultura. O cinema de animação do estado de Pernambuco, objeto deste estudo, pelo seu caráter duplamente periférico, possui uma grande incidência de obras que utilizam tais marcas culturais locais de naturezas variadas. Assim, a partir de entrevistas com os animadores, o presente artigo tem por objetivo discutir as narrativas e discursos que medeiam essa produção, com base em um panorama histórico das obras desta filmografia que dispõem destas características regionais, buscando identificar como os símbolos e as representações são abarcados ou rejeitados pelos realizadores pernambucanos. Para servir como referência e parâmetro estético e ideológico, dois dos principais movimentos artísticos do estado de Pernambuco, o Armorial e o Mangue, foram utilizados. Ambos se baseiam na mesma matéria-prima, porém se apropriam e utilizam estes componentes regionais de maneiras bastante divergentes. Assim, analisamos como as tendências destes dois movimentos influenciaram as obras animadas do cinema pernambucano, especialmente a produção contemporânea. O artigo se ampara teoricamente nos trabalhos sobre identidade e resistência cultural de autores como Stuart Hall, Michael Featherstone, Ella Shohat e Robert Stam, além de pontuar a concepção política, social e estética que originou o que entendemos por “Cultura Nordestina”, a partir da pesquisa de Durval Muniz de Albuquerque Júnior.