COSMOPOLITISMO, O CIDADÃO E OS PROCESSOS DE ABJEÇÃO
os duplos gestos da pedagogia
Résumé
O artigo diz respeito à produção cultural do cidadão. Defende que a escolarização acarreta um duplo gesto: a inscrição de teses cosmopolitas sobre a criança como futuro cidadão e processos de abjeção, e o banimento dos que constituem temores daquele futuro. Esse cidadão cosmopolita corporifica esperanças globais de uma humanidade unificada guiada pela razão e pela racionalidade, e dotada de hospitalidade para com os Outros. A unidade, contudo, incorpora divisões que distinguem as qualidades do cidadão em relação aos abjetos: grupos e indivíduos reconhecidos como tendo necessidade de programas especiais a fim de serem incluídos, ainda que diferentes e excluídos em virtude de seus modos de vida. As reformas escolares contemporâneas nos Estados Unidos e na Europa, assim como a pesquisa nesses países, inscrevem os duplos gestos: o cosmopolitismo inacabado e o imigrante urbano desfavorecido, e “a criança deixada para trás”, localizados em espaços intermediários entre a inclusão e a exclusão. O artigo conclui explorando a pesquisa orientada para a reforma, a qual projeta mudanças nas condições da escola ― mudanças essas que projetam as pessoas através de teses culturais.