MULHERES DO ÀSE

O RITUAL DO BAIÃO DE PRINCESAS DA CASA FANTI ASHANTI EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO

  • Luis Félix de Barros Vieira Rocha
  • Georgina Helena Lima Nunes
Palavras-chave: Baião de princesas, Mulheres de àse, Religião afro-brasileira

Resumo

Esse artigo tem como objetivo fazer uma breve discussão sobre a presença feminina nas religiões afro-brasileira, em especial no Baião de Princesas, ritual ligado à linha da Cura e Pajelança realizada na Casa Fanti Ashanti em São Luis do Maranhão. No Baião de Princesas somente as mulheres incorporam entidades espirituais femininas (rainhas e princesas). A participação feminina é ativa no processo ritualístico realizados nos terreiros, diferentes de muitas religiões ocidentais na qual a mulher não possui um papel de destaque; nas religiões de matriz africana, essas mulheres são a maioria em cargos sagrados. Buscou-se, também, fazer uma breve discussão acerca da intolerância religiosa e racismo que ocorre, com frequência, como um violento ataque às religiões de matriz africana. A marginalização das práticas religiosas afro-brasileiras é fundamentada pelo poder de um epistemícidio que está enraizado em nossa sociedade, na qual é utilizado a repressão, a violência como fator da desumanização. Nessa perspectiva, homens e mulheres das religiões afro-brasileiras são desmoralizados/as e discriminados, todavia, ainda assim, emerge dessas práticas saberes resistentes que produzem epistemologias cujas racionalidades se constituem projetos de sociedades mais humanas, por isso, mais plurais. Assim é de suma importância disseminar o papel das mulheres nas religiões de matriz africana, pois é fundamental seu reconhecimento visto que há séculos vem sofrendo perseguições em nossa sociedade. 

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Publicado
2022-09-15
Seção
Artigos