A ESCOLA COMO ESPAÇO DA (IN) DIFERENÇA?

PRIMEIROS OLHARES A PARTIR DA RAÇA, GÊNERO E DEFICIÊNCIA

  • Simone Teixeira Barrios
  • Georgina Helena Lima Nunes
Palavras-chave: Gênero, Raça, Deficiência, Escola, Interseccionalidade

Resumo

Este artigo tem como objetivo, fazer uma discussão com alguns/mas autores/as que trabalham com as categorias de gênero, raça e deficiência, de forma a refletir sobre a escola enquanto possibilidade de concretizar-se como espaço de respeito às diferenças. Sob esse direcionamento, o trabalho se remete a uma proposta de pesquisa acadêmica em construção, cuja presença da mulher negra com deficiência na escola ao ser campo de estudo, possa favorecer práxis sociais que possibilitem refazer percursos que se oponham àqueles que sustentam a colonização das mentes e de corpos fora do padrão hegemônico. O texto apresentado traz uma análise interseccionada dos demarcadores de gênero, raça, deficiência e também de geração. Neste sentido, procura-se compreender como as opressões interseccionadas podem ser observadas de modo a engendrar sentimentos de acolhimento, contrários, portanto, aos de preconceitos e discriminações de qualquer natureza. Sabemos que, a escola e a sociedade, estão sustentadas em uma perspectiva hegemônica que confere “normalidade” e “poder” àqueles/as representados/as pela masculinidade, supremacia branca e hierarquias sócio-econômicas. Tal concepção aponta a memória e a história da civilização sob a égide do colonizador ou de uma colonização que se perpetua sob a forma de colonialidade. Defendemos nessa escrita, que a escola pode ser um espaço fundamental e transformador de relações sociais pautadas em intolerâncias, por isso, violentas. Cabe ressaltar, que a problematização proposta decorre de uma experiência concreta que irá balizar uma investigação de doutoramento, com isso, abre-se a oportunidade de dialogar com a literatura existente e anunciar outras possibilidades de compreensão e mudança no que diz respeito às atitudes políticas, pedagógicas e epistêmicas que se contrapõem ao machismo, capacitismo e racismo.

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Publicado
2022-09-15
Seção
Artigos