Estratégia, sujeito e emancipação em José Carlos Mariátegui e Ernesto Laclau
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Resumo
A proposta deste ensaio buscou desenvolver um diálogo entre dois expoentes do pensamento crítico
latino-americano: o peruano José Carlos Mariátegui (1894-1930) e o argentino Ernesto Laclau (1935-
2014). Seguramente esta não é uma associação usual: Mariátegui foi pioneiro ao desenvolver um
marxismo genuinamente latino-americano, enquanto Laclau foi talvez um dos principais autores do
chamado pós-marxismo. A despeito das evidentes diferenças e distâncias, reconhecendo
dissimilitudes epistemológicas e teóricas, uma análise comparada, mesmo que parcial, mostra-se rica
em potencialidades entre autores que compartilham de um criativo e inovador olhar reflexivo e
interpretativo sobre o marxismo.
O principal aspecto compartilhado que motivou este ensaio é o fato de ambos se nutrirem da
realidade latino-americana para formular alternativas teóricas politicamente engajadas. Destacaremos
aqui alguns aspectos que permitem esta aproximação, a partir de três noções: estratégia, sujeito e
emancipação política. Estes conceitos trazem ao centro do debate aqui proposto a questão do poder
e do socialismo. Para abordar a estratégia, analisou-se a centralidade do mito em Mariátegui e a noção
de antagonismo em Laclau; posteriormente, para trabalhar a importância da questão do sujeito
político, tratou-se da revolução para Mariátegui e da hegemonia para Laclau; por fim, sugere-se que
o deslocamento tático do sujeito proletário para o indígena em Mariátegui e para o povo em Laclau
promove mudanças na forma de pensar o tema do sujeito histórico em relação ao marxismo clássico
– ainda que com propósitos e formas distintas.