ARQUEOLOGIA – ANTROPOLOGIA OU HISTÓRIA?
Origens e tendências de um debate epistemológico
Resumo
Ao longo do século XX um debate marcou a arqueologia, sobretudo a norte-americana, deveriam os arqueólogos se ater a uma produção de conhecimento histórico, restringindo suas explicações às particularidades de cada caso? Ou almejar a uma meta mais ampla, buscando extrair dos eventos únicos regularidades mais gerais sobre o comportamento humano, gerando, assim, uma produção de conhecimento tida como verdadeiramente antropológica? Embora tal debate seja mais comumenterelacionado à emergência da nova arqueologia dos anos 60, ele foi recorrente na
antropologia e arqueologia norte-americanas desde, pelo menos, o segundo terço daquele século. De fato, o movimento pendular entre metas particularistas e generalizantes marcou não somente a arqueologia, mas a própria antropologia ao longo do século XX. Este trabalho tem por propósito, por um lado, analisar as origens e o desenvolvimento deste debate, cujas posições se traduzem na polarização entre explanação e interpretação, e, por outro, discutir as abordagens teóricas mais recentes, que buscam superar essa dicotomia com base, sobretudo, no relacionismo metodológico das teorias da prática.