GRAFISMOS DAS ÁGUAS: A ARTE DAS ESTEARIAS DO MARANHÃO
Resumo
Tradicionalmente a arte ameríndia foi interpretada como uma linguagem e comunicação visual, um símbolo cognitivo da mente humana. A partir do ano 2000, novas formas de significar a arte foram construídas a partir da chamada virada ontológica. Assim, a arte começou a ser associada de maneira mais intrínseca às humanidades e à filosofia, como o perspectivismo ameríndio. A noção de arte hoje predominante na Antropologia é a que vê nela a evidência de cosmologias de diferentes mundos, habitados por diferentes seres, humanos e não-humanos. Nesse trabalho explora-se a arte abstrata das estearias da Baixada Maranhense. A paisagem aquática pode ter contribuído para a construção de cosmologias em que animais circundantes tiveram uma agência social, como a anaconda. Os artefatos recuperados em campanhas arqueológicas evidenciam uma arte abstrata inédita nas terras baixas da América do Sul, em que se destaca a cor preta nos padrões decorativos. A partir da analogia etnográfica, sugere-se que esses objetos dão ênfase à pele da anaconda, um animal mítico ancestral.
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