“A SENHORA É DESTRUIDORA MESMO”
ETNOGRAFANDO A SOCIALIZAÇÃO E A SOCIABILIDADE ENTRE AS TRAVESTIS NO CONTEXTO URBANO MOSSOROENSE
Resumo
Com expectativa de vida de 35 anos de idade, residindo no país com os maiores índices de mortes motivadas por transfobia no mundo e com a prostituição sendo a principal atividade remunerativa para cerca de 90% das travestis, estas performatizam suas identidades no Brasil. A partir de uma pesquisa etnográfca realizada com quatro travestis entre julho de 2015 e setembro de 2017, nos moldes da antropologia social com base na observação participante, discutiremos sobre a socialização e a sociabilidade entre as travestis no contexto urbano mossoroense. Nas sinuosidades das relações e trocas sociais encontramos manutenções e rupturas dos modelos que são estendidos através da prostituição e do conflito social que alimentam a hostilidade e a rivalidade entre as travestis. Visualizamos que há espaços para transformações desde os processos de trocas e aprendizagens até os relacionamentos estabelecidos no cotidiano, onde foi possível perceber a emergência de avanços na aceitação familiar e produção de novas referências e
na construção de relações amistosas, de solidariedade e apoio mútuo, ainda que
incipientes, mas que gradativamente estão modifcando esse contexto, produzindo novas formas de interação social.