TRANSCULTURANDO A AMEFRICANIDADE DE LÉLIA GONZALEZ
DECOLONIALIDADES EM DEBATE
Resumo
Teorias nacionalistas foram criadas durante o século XX para defender ideias
como a raça cósmica, a democracia racial, a supremacia branca, entre outras.
Todos carregaram a questão racial como parte do debate nacionalista, porém
a maioria destes modelos parte de entender as categorias raciais não brancas
como um problema, um componente secundário, muitas vezes, um elemento
fora da ideia de nação. Na contramão dessas concepções encontramos no termo
“amefricanidade”, cunhado pela antropóloga brasileira Lélia Gonzalez, uma
tentativa de resposta que inclua as culturas negra e indígena não apenas como
parte, mas como centrais para se pensar a formação das identidades culturais na
América Latina. Lélia propõe que a experiência negra e indígena nas Américas
possibilitou a criação de uma nova identidade não apenas indígena ou africana,
mas Amefricana. Essa forma de análise de processos culturais encontra eco no
termo “transculturação”, criado pelo antropólogo cubano Fernando Ortiz. Neste
artigo, propomos um diálogo entre Lélia Gonzalez e Fernando Ortiz para produzir
um olhar decolonial da antropologia sobre a experiência vivida por negros e
indígenas no território da América Latina e Caribe.