AS PLANTAS DO QUILOMBO E SEUS USOS

MAMÓRIAS, APRENDIZADOS E CRIATIVIDADE NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE MITUAÇU, CONDE/PB.

  • Patrícia dos Santos Pinheiro
  • Aline Maria Pinto da Paixão
  • Thayonara Marina da S. santos
Palavras-chave: memórias, plantas medicinais, quilombo

Resumo

Apresentamos uma seleção de registros visuais fomentada pelo projeto de extensão “Histórias de Quilombo: Memórias e identidade coletiva na produção audiovisual da comunidade quilombola de Mituaçu, PB”1, realizado em parceria com a escola quilombola Ovídio Tavares de Morais, no interior da comunidade que fca no município do Conde, PB. O trabalho resulta de atividades que englobaram alunos do 5º ano da escola, moradoras-mestras no manejo das plantas de uso tradicional, a equipe de antropólogas da Universidade Federal da Paraíba e a direção da escola. Prezando o diálogo com a Antropologia Visual desde o início do projeto, em 2017, vigoram métodos compartilhados na intenção de registrar elementos, narrativas e lugares, instigando reflexividades e perspectivas quilombolas sobre suas trajetórias e historicidade, sem se ater a essencialismos e priorizando as vivências cotidianas de nossas interlocutoras e parceiras. Tintas naturais deram vida a pinturas e desenhos, exemplares de plantas viraram exsicatas e fotografas compuseram bricolagens,  tecendo uma malha de produtos sensíveis que juntos suscitaram um outro sentido de vida - ainda que inanimada - transpassando práticas ancestrais e afrmando a  produção e locução Atuais, composição que deu origem à Coleção Botânica de Mituaçu, que conta atualmente com mais de 50 plantas de uso alimentar, medicinal e ornamental. Fruto de elaborações coletivas que iniciaram com as ofcinas com as crianças, mas que foram se transformando a cada elemento acrescentado, a cada visita e conversa com nossas interlocutoras, esse material tátil pertence à escola e é mais um componente no acervo quilombola de Mituaçu proposto pelo projeto.
Reunimos desde fotomontagens que complementam pinturas e fazem fuga de
enquadramentos até desenhos menos “realistas”, acompanhados de indicações
de usos locais, produções livres que evocam estilos e possibilidades de referenciar
sem dispensar suas potencialidades inventivas. Algumas das montagens apresentadas foram reunidas em pares quando se tratavam da mesma planta, como o cajueiro, a amoreira, a aroeira, o capim santo, a colônia, ou a cidreira; já outras estão dispostas individualmente, como a bananeira (com destaque para o mangará ou coração da bananeira, usado em lambedores), a canela, o macassá, a hortelã, a pitanga e o boldo. Receitas, nomes populares e científcos e formas de uso dessas e de outras plantas comporão outros materiais, porém entremeamos as imagens com importantes  conversas que tivemos com nossas interlocutoras, D. Maria Aparecida, D. Berenice (in memoriam) e D. Penha. Da Coleção para esse material digital, a experiência tátil se perde, relevos das plantas e sobreposições entre desenhos e fotografas não são percebidas do mesmo modo, por outro lado, no processo de digitalização remontamos plantas lado a lado, que na coleção permanecem cada uma em sua respectiva página protegida por fnos sacos plásticos transparentes, acomodadas em um grande fchário, além de acrescentarmos novas fotos do acervo do projeto. Ou ainda, no caso da última imagem, do Buquê de Noiva (planta ornamental), mostramos sua transformação ao longo do tempo, pois fndada a primeira etapa de nosso  trabalho de compilação, insetos, fungos e outros seres prosseguem com a transformaç

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Publicado
2022-02-23
Seção
Antropoéticas: outras etnografias