GEORG SIMMEL E O PROBLEMA DA DESIGUALDADE SOCIAL
Resumo
A posição de Simmel no que concerne as origens e a dinâmica dos conflitos sociais e das revoluções se apresenta de maneira concentrada num conto de fadas criado por ele e intitulado “Rosas. Uma hipótese social”. Diferentemente de abordagens que tentam explicar o desenvolvimento histórico das sociedades
por meio de condições materiais e fatos objetivos, Simmel enfatiza aspectos subjetivos frequentemente negligenciados. Para ele, o pensamento humano repousa sobre a sensibilidade para as diferenças, consiste na interpretação delas e se desenvolve por meio da comunicação a respeito delas. A partir da
comparação de propriedades particulares e da atenção para as diferenças entre estas, surgem sentimentos de privação, inveja e cobiça, por um lado, e o orgulho e a arrogância dos privilegiados, por outro. Quando a insatisfação da maioria chega a ser articulada e relacionada com teorias políticas e ideias éticas, podem ocorrer revoluções que resultam numa redistribuição de bens. Mas a situação nova, considerada justa, não dura por muito tempo. Logo começa de novo o processo da diferenciação social, com tensões sociais crescentes até uma outra revolução, que leva mais uma vez a uma redução de desigualdades sociais, e assim por diante. O artigo oferece uma tradução completa e uma análise dessa “hipótese social” de Simmel, mostrando que ele retomou motivos de pensadores como Tocqueville e Rousseau e antecipou concepções sociológicas que podem ainda hoje orientar a pesquisa sobre a desigualdade social.