QUANDO A ESTIGMATIZAÇÃO ALCANÇA OS PRIVILEGIADOS
UMA ANÁLISE SOCIOLÓGICA DA CHEGADA DA PANDEMIA DA COVID-19 NO BRASIL E ALGUNS DE SEUS SIGNIFICADOS
Resumo
Importantes reflexões nas ciências sociais, sobre o fenômeno do estigma, têm analisado-o em um contexto amplo de relações de poder. Os grupos que sofrem de estigmas ocupam, também, posições desprivilegiadas na sociedade: são minorias étnicas, raciais e sexuais ou portadores de doenças majoritariamente endêmicas entre os mais pobres. A pandemia da Covid-19 trouxe uma novidade no Brasil: ela estigmatizou, no primeiro momento, grupos que não estão no rol dos alvos comumente afligidos. A partir de casos selecionados, de pessoas que foram atacadas nas redes sociais, buscou-se compreender e interpretar esse fenômeno transitório, lançando mão de alguns conceitos-chave como: estigma, humilhação pública e linchamento virtual. Tais acontecimentos podem ser uma janela reveladora de outros problemas estruturais latentes no país.