O DEBATE ONTOLÓGICO-POLÍTICO NAS CIÊNCIAS SOCIAIS
ESFORÇOS TEÓRICOS EM TORNO DAS DIFERENÇAS (ENTRE MUNDOS)
Resumo
Este artigo tem como objetivo discutir os desafios e os potências que determinados esforços intelectuais, filiados às chamadas viradas ontológicas na Antropologia e na área de Ciência, Tecnologia e Sociedade, podem oferecer à reflexão contemporânea sobre o fazer etnográfico nas ciências sociais. Nosso argumento geral é que na conjuntura político-epistêmica atual, em que uma crise ecológica global acusa a indispensabilidade de abarcar outro mundos, novos debates trazem o potencial de promover formas de se tratar empiricamente essas questões que engajem outros modos de existência na prática científica das ciências sociais. Apresentamos o argumento da virada ontológica direcionado nos seguintes elementos. Em primeiro lugar, a importância dos Estudos de Ciência e Tecnologia para a proposição de novos entendimentos ontológicos e políticos, especificamente, a partir da teoria ator-rede. Em seguida, o papel dos estudos que versam sobre a relação entre ontologia e linguagem como forma de reconhecimento de outros sujeitos ontológicos, bem como, o acolhimento de epistemologias que foram marginalizadas no processo de modernização ocidental. Numa terceira parte, desdobramos o argumento da virada ontológica, dessa vez, com um olhar específico para o fazer antropológico, sobretudo nos conflitos existentes na pretensão entre a tradução entre mundos e as pontes entre ontologia e política.