O SENTIDO DA RELAÇÃO ENTRE FORMAS ECONÔMICAS E FORMAS RELIGIOSAS
UMA INTERPRETAÇÃO DO FRAGMENTO CAPITALISMO COMO RELIGIÃO DE 1921
Resumo
Este artigo reflete sobre as afinidades eletivas entre as formas religiosas e as formas econômicas. Em vista disso, tomamos como mote reflexivo o fragmento filosófico Capitalismo como religião de Walter Benjamin. Amparados na contribuição antropológica, portanto, apontamos as conexões entre religião e economia mostrando por meio das obras de Durkheim, Mauss e Sahlins caminhos para a interpretação teórica do problema. O artigo visa mostrar os vínculos estruturais entre as formas de crença que alicerçam a economia e a religião. Em Durkheim encontramos as conexões das representações coletivas que fundamentam as crenças nas instituições sociais. Mauss contribui com a ênfase para a emergência de fenômenos sociais totais que orientam a vida coletiva. Por fim, Sahlins apresenta o caráter cultural do capitalismo tardio, sugerindo no utilitarismo a expressão prática dessa crença na modernidade capitalista. Embora sejam autores de matrizes teóricas distintas, encontramos um sentido comum em seus trabalhos, a saber, uma crítica ao utilitarismo e a visão restrita do economicismo. O fragmento benjaminiano, portanto, serve-nos para a composição de um estado da arte a respeito da reflexão sobre vínculos entre religião e economia.