A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS COMO INSTRUMENTO DE COMPREENSÃO DA REALIDADE
APROXIMAÇÕES À LUZ DA EXPERIÊNCIA CONCRETA
Resumo
O mito fundador da sociologia rural estabeleceu a oposição campo - cidade, classificando tais noções como realidades espaciais e sociais descontínuas. Tal visão reflete o efeito produzido pela teoria dicotômica que tratou de explicar o rural não por suas características intrínsecas, mas como a própria negação deste em relação ao urbano. O primeiro como o lugar do conservadorismo, da tradição do atraso e da estagnação, o segundo como a quintessência do dinamismo, do progresso, da modernidade. O rural com suas funções tradicionais (produção de alimentos, fibras e matérias-primas) e que assiste ao agônico esvaziamento demográfico e o urbano como o polo que se agiganta em meio à expansão industrial e o adensamento populacional. Todavia, as últimas três décadas coincidem com a emergência de novos enfoques que propugnam uma releitura do rural, reconhecendo a importância de outras vocações que pouco ou nada teriam a ver com a produção agropecuária stricto senso. Mas como estes novos papeis atribuídos ao rural são captados pelos alunos das Ciências Agrárias? Estão eles conscientes e identificados com o universo que elegeram enquanto campo de exercício profissional? A resposta a estas questões foi buscada lançando mão da teoria das representações sociais. Esse artigo tem um duplo propósito, de um lado, debater sobre essa vertente teórica e metodológica como ferramenta de pesquisa; de outro, trazer à tona uma experiência concreta sobre a qual possa ser compreendida a aplicação da teoria das representações, bem como o potencial heurístico que lhe corresponde.