DISTÂNCIAS E PROXIMIDADES NA LÓGICA DA DESIGUALDADE AMBIENTAL
Resumo
O presente artigo tem como objetivo central discutir o tema da desigualdade ambiental a partir dos elementos que nos trazem dois casos de conflitos: o imprensamento das comunidades quilombolas do Sapê do Norte, no estado do ES, pelas monoculturas de eucalipto da Fibria, antiga Aracruz Celulose; e o sufocamento das comunidades do SuperPorto (Vila Mangueira, Barra Nova e Barra) pela modernização portuária, indústria naval e de fertilizantes no município de Rio Grande/RS (extremo sul do Brasil), constituindo-se como zonas de sacrifício. A proposta de reunir dois casos de empreendimentos de natureza distintas e em localidades distantes parte da inquietação quanto à repetição da lógica de implantação de grandes empresas no Brasil, calcada na desigualdade ambiental que faz com que os grupos sociais vulneráveis fiquem com o ônus referente a tais implantações. Tal esforço mostra que o modus operandis do capital associado ao Estado pouco difere, colocando grande importância na articulação em rede para o enfrentamento da desigualdade ambiental.