A CIDADE-MERCADORIA INTERIORANA FRONTEIRIÇA

Resumo

Este artigo visa a contribuir para a problematização dos impactos de grandes projetos urbanos e de infraestrutura em territórios interioranos fronteiriços, pautadas em uma lógica de cidademercadoria. Distantes das estruturas tradicionais de construção de conhecimento, esses territórios acabam sendo mais vulneráveis a essas reestruturações de grande vulto pela incompreensão da
dimensão de seus efeitos ao longo do tempo e à forma como afetam diferentemente os vários segmentos da população. Com esse propósito, à luz do trabalho de estudiosas e estudiosos do campo do planejamento urbano e de pesquisas sobre a Região Trinacional, empreendeu-se uma análise reflexiva de alguns dos grandes planos e projetos em curso nesse território, destacando tendências que atendem aos interesses do capital. Como resposta a esse alinhamento e à necessidade de reparação dos territórios interioranos fronteiriços afetados por esses empreendimentos, as instituições de ensino público, os trabalhos de pesquisa acadêmica e os espaços de educação popular, por adotarem uma abordagem crítica, oferecem contribuições valiosas para pautar o planejamento territorial insurgente, comprometido com a justiça social e ambiental. Os resultados da análise ora apresentada indicam que, sem o devido conhecimento dos interesses envolvidos nesses planos e projetos sob diferentes perspectivas e de quais podem ser os seus efeitos para as comunidades diversas que compõem as cidades interioranas fronteiriças, favorece-se a invisibilidade das ações de incremento da marginalização socioeconômica, do sofrimento ambiental e da ampliação das desigualdades sociais.