Editorial Projectare 12 - Planejamento, Morfologia e Modelagem Urbana
Resumo
Investigar relações do espaço urbano, considerando a realidade desigual da estrutura social
e integrando abordagens do ambiente natural, têm sido temas de interesse e pesquisa no Laboratório
de Urbanismo da FAUrb/UFPel há cerca de 20 anos. Com origem em um laboratório institucional
de geoprocessamento, de vanguarda na aplicação de geotecnologias, o LabUrb foi constituindo-se
no início dos anos dois mil, a partir da possibilidade de qualificação e ampliação de pesquisadores
docentes e desenvolvimento da pós-graduação, decorrentes da política de reestruturação e expansão
das universidades públicas brasileiras, vivenciada então. Congregando um conjunto de professores
permanentes (atualmente 8) e uma comunidade acadêmica-científica latente, no LabUrb também é
organizado o Periódico Pixo e um conjunto de eventos e ações que buscam integrar uma ampla rede
de pesquisadores comprometidos com temas social e ambientalmente relevantes, no estudo avançado
sobre cidades e o urbanismo contemporâneo. Tudo isso desde uma perspectiva epistemológica do
Sul, extremo, do Brasil.
Nesta edição, contamos com colaborações de trabalhos recentes de pesquisadores nacionais
e internacionais, que fortalecem as expectativas e as possibilidades de melhor compreender as
diferentes realidades e relações entre espaço-sociedade-natureza. Destacamos a participação do Prof.
Vitor Oliveira, que acompanha sua colega Sílvia Spolaor, vinculados a Universidade do Porto, é atual
presidente do ISUF; a principal organização internacional que reúne pesquisadores sobre a Forma
Urbana. A forma e o espaço urbano são, portanto, em diferentes contextos e métodos complementares
desenvolvidos nos 13 artigos, temas centrais para esta edição. No conjunto de trabalhos, a morfologia
urbana é objeto de estudo para compreensão da pluralidade urbana, como um recurso que possibilita
revelar e assimilar as realidades ocultas e negligenciadas das cidades: a informalidade, a
desigualdade e a segregação. Envolve os riscos, os impactos e as relações positivas da paisagem
natural para o futuro das cidades.
Convivemos imersos em modos de pensar e agir que negam e ocultam a realidade, como
modo de assegurar e manter a exploração econômica, a desigualdade social, a exploração da natureza
e a dominação política. Sendo assim, revelar e entender a forma urbana e suas relações com a
sociedade e com o ambiente natural pode ser um caminho para propor alternativas e transformar a
realidade, com a efetiva contribuição do planejamento, morfologia e modelagem urbana.