EMPIRIA DELICADA

  • Rita Velloso
Palavras-chave: empiria delicada, imagem-pensamento, experiência, cidade

Resumo

No percurso de elaboração de seu conceito de experiência, Benjamin consolidou a experiência urbana nos termos de uma vivência desempanhada no tempo presente (Erlebnis) ou da experientação que permite a rememoração e a compreensão histórica (Erfahrung). Contudo, considerada sua argumentação em torno de uma empiria delicada ( Zarte Empirie), enunciando uma nova configuração da experiência provocada pela cidade, é plausível perguntar se esse conceito de empiria delicada não estabeleceria, ele mesmo, o fundamento da teoria da experiência benjaminiana. Ao retornar de Moscou em 1927 Benjamin afirmou tanto sua decisão de escrever sobre o que vira e vivera naquela cidade, como a intenção de falar sobre ela segundo o princípio de que nela, todo fato já é teoria. Desse modo, Benjamin enunciava o que viria a ser o principal elemento em sua narrativa de experiências urbanas, aquilo que o faria abster-se de abstrações e, dentro de certos limites, de julgamentos. As descrições de Moscou, redigidas a partir daquela viagem, são narradas em três diferentes textos de Benjamin: no seu diário, nas cartas que endereça aos amigos e no artigo denominado Imagem-cidade, escrito após seu retorno à Alemanha. Quando percebe a inflexão que a experiência da cidade de Moscou provocava no seu modo de narrar, Benjamin passa a se ocupar da singularidade daquele objeto, em busca da compreensão do quanto convergisse para ele. Provocado pela experiência da cidade, Benjamin escreve sobre a exigência dos objetos de que, ao refletir sobre eles, nos exponhamos ao enfrentamento do singular, do fenomênico em sua infinita particularidade, e não de um ponto de partida universal e abstrato.

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Publicado
2023-07-07