“CIDADE ACABA COM O SERTÃO. ACABA?”
SOBRE BORDAS E TRANSBORDAMENTOS DE UM LUGAR-SERTÃO NO PIAUÍ
Resumo
O sertão é uma borda onde se constitui o menor. De cidades pequenas a povoados que mesclam características rurais e urbanas encontramos singularidades capazes de ressignificar o habitar a cidade. Pretendemos refletir sobre as tensões entre borda e hegemônico como matéria geradora do devir enquanto potência criativa, subversiva às narrativas do atraso que estigmatizam o sertão como desvio indesejado a um pretenso progresso incapaz de suportar a diferença. A cidade enquanto ideal normatizado é configurada por máquinas modeladas com vistas a invadir culturalmente as bordas. Se só o menor pode ser grande e revolucionário (DELEUZE; GUATTARI, 2003), identificar os fenômenos de interdição e opressão também nos permite reconhecer agenciamentos capazes de desmontar as máquinas colonizadoras do hegemônico, a literatura maior da cidade. Buscamos, no Sertão do Piauí, discutir tanto a forma da opressão, como as linhas de fuga que reivindicam maneiras próprias de estar no mundo.