CHAMADA PARA A VIGÉSIMA NONA EDIÇÃO DA REVISTA PIXO

2023-10-26

A PIXO – Revista de Arquitetura, Cidade e Contemporaneidade, torna pública a chamada para a sua 29ª edição com a temática “PAISAGENS PÓS-ANTROPOCENO”.

A noção da paisagem alvoreceu com operações pictóricas principalmente nos paisagistas do século XV, mas só no início do século XX é que ela se constitui como um problema filosófico, sobretudo a partir do pensamento de Georg Simmel, expresso no seu ensaio Filosofia da Paisagem de 1913.

A categoria paisagem surge de uma mudança de paradigma na modernidade e se apresenta como uma outra possibilidade de leitura da realidade – uma outra imagem do mundo –, colocando em relevo a relação entre o humano e a natureza, surgindo como um terceiro entre a dicotomia clássica da natureza de um lado e a cultura de outro. Hoje a reflexão sobre a paisagem atinge profundamente o processo de ocupação e transformação da Terra pela ação humana e designa um conceito-chave no assim chamado Antropoceno, época geológica da atualidade em que o humano se revela como força destruidora e titânica. 

Nessa perspectiva de transformação que conduz a um apoderamento generalizado, o homem tem explorado a natureza de forma extensiva e exaustiva, levando à erradicação de uma multiplicidade de biomas e à degradação e destruição de paisagens em que a relação entre natureza e cultura atingiu graus elevados de harmonia.  

O sentido tomado pelo desenvolvimento da técnica a partir da modernidade afetou os campos disciplinares de um modo geral, entre eles o da Arquitetura, que passou a se instalar como uma espécie de autorização absoluta sobre o habitar na Terra e como um ato de desbravamento e de produção de novas paisagens. Chegamos finalmente na época atual em que a Terra é tomada como algo a ser conquistado e domesticado. Assim, a Terra é vista como inimiga e a paisagem é pensada como unidade compositiva organizada pela ação humana a serviço de uma determinada ideologia, expressa nas vertentes hegemônicas da economia e da política predatória.

Essa transformação produz paisagens a partir de uma lógica de apagamentos, substituições e adensamentos, em uma perspectiva de exploração e esgotamento dos recursos naturais e destruição de valores pretéritos. Tudo é transformado e transformável, e cada vez mais são evidentes os efeitos das crises climáticas e de pertencimento que impactam as nossas cidades, oriundas dos processos de ocupação desses territórios. 

A partir do contexto produzido pela hegemonia descontrolada da técnica, que caracteriza o Antropoceno, pautamos as seguintes questões: o que significa projetar a paisagem? Por qual sentido de projeto é possível pensar a paisagem em um contexto do Antropoceno? Como ir além do Antropoceno, produzindo novos imaginários e poéticas das paisagens? Como incluir uma ética da Terra nas projeções das paisagens para além do Antropoceno?

Nesta chamada da PIXO – Revista de Arquitetura, Cidade e Contemporaneidade, convidamos a uma reflexão não só sobre as consequências da ação humana no contexto do Antropoceno (ou Capitaloceno, Plantationoceno ou Chthuluceno, outras tentativas de designar a atualidade) mas sobretudo, para além dele, o Pós-Antropoceno. Convidamos a pensar alternativas de projeto, com novos compromissos éticos e estéticos, novos imaginários, novas poéticas que levem a outros modos de ver, pensar e atuar na realidade.  É certo que um pensamento projetual extrapola em muito o limite e o domínio da disciplina da Arquitetura. Esses novos modos são aqui convocados a um pensar juntos a partir de diferentes campos disciplinares. Assim, trata-se também de um convite para uma leitura transdisciplinar que posicione a categoria paisagem para além das especificidades de cada área. 

A submissão de trabalhos, necessariamente inéditos, deverá ser feita pelo sistema https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/pixo/index, cadastrando-se como autor, entre os dias 26 de outubro de 2023 e 19 de fevereiro de 2024. A edição temática “PAISAGENS PÓS-ANTROPOCENO” é dirigida pelos Prof. Dr. Paulo Reyes [UFRGS], Prof. Dr. Dirk Michael Hennrich [Universidade de Lisboa] e Prof. Dr. Vladimir Bartalini [USP].