A UNIVERSIDADE E O COLONIALISMO DENUNCIADO POR FANON, FREIRE E SARTRE
contradictions of the cooperative-scholl
Resumo
Prefaciando o clássico da descolonização, Os Condenados da Terra, de Frantz Fanon, Sartre escreveu, em 1961: “Não faz muito tempo a terra tinha dois bilhões de habitantes, isto é, quinhentos milhões de homens e um bilhão e quinhentos milhões de indígenas. Os primeiros dispunham do Verbo, os outros pediam-no emprestado”. Na visão colonialista, denunciada por Fanon e Sartre, o “centro” pensa, fala e escreve. A “periferia” consome e reproduz a palavra do centro. É a "cultura do silêncio", tantas vezes verberada por Freire. Este problema teria sido superado hoje, em nossas universidades? Examinando a ampla documentação produzida durante as discussões da Reforma Universitária, notei que retorna com freqüência a preocupação de que a universidade brasileira supere as crônicas formas de colonialismo que acompanham desde sempre. Neste artigo, procuro discutir fatos, situações, concepções e modismos acadêmicos que revelam formas gritantes de colonialismo, e me questiono a respeito de quais os caminhos para que a Reforma Universitária, cujo projeto tramita já no Congresso, resulte naquela universidade que era o sonho de Anísio Teixeira, ao pensar com seus pares a futura Universidade de Brasília: que o Brasil pudesse ter, finalmente, uma universidade que não fosse “universidade de mentira”, mas sim uma universidade destinada a “pensar o Brasil como problema”, segundo Darcy Ribeiro. Temos o direito de esperar e o dever de nos mobilizarmos, para que o sonho não morra nas discussões e decisões do Congresso.