DOS META-PROCESSOS AO ACESSO CONSCIENTE

evidência a partir de dados metalinguísticos e de reparo produzidos por crianças

  • Annette Karmiloff-Smith
  • Lígia Beskow de Freitas
  • Magda Floriana Damiani
  • Ana Ruth Moresco Miranda
Palavras-chave: aquisição da linguagem, mudança representacional, redescrição representacional

Resumo

Este artigo explora as possíveis relações entre os meta-processos inconscientes e aqueles que estão disponíveis ao acesso consciente e à verbalização. Argumenta-se que a questão do acesso consciente deve ser conceitualizada desde uma perspectiva desenvolvimental, a fim de que se possa entender sua função na cognição humana. Um quadro teórico é especificado na forma de um modelo recorrente de três fases (diferenciado de modelos de estágios) com ênfase na distinção entre as representações definidas implicitamente e a explicitação representacional progressiva em vários níveis de processamento, culminando na possibilidade de acesso consciente. O papel do acesso consciente bem como o do feedback positivo e negativo são discutidos à luz de uma distinção feita entre modelos de sequência desenvolvimental e modelos de fluxo de processamento de informações em tempo real. Ressalta-se um modelo de mudança representacional baseado no sucesso em oposição a um modelo de mudança comportamental baseado no fracasso. Os dados consistem em uma detalhada comparação de respostas metalinguísticas e reparos espontâneos de crianças. Argumenta- se que a consciência metalinguística tem um pequeno ou nenhum papel a desempenhar na aquisição da linguagem no nível macrodesenvolvimental, e um papel secundário no processamento linguístico em tempo real, mas que representações verbalmente codificadas desempenham um papel fundamental macrodesenvolvimento geral. As implicações do modelo são brevemente examinadas em relação ao status representacional da linguagem fluente de algumas crianças com baixo QI e de falantes adultos fluentes em uma língua não nativa. É dada a devida consideração ao fato de que alguns aspectos da linguagem, mas não outros, estão disponíveis ao acesso consciente. Isso leva a especulações quanto à plausibilidade de considerar a modularidade um produto de alguns aspectos do desenvolvimento, em vez de restrigi-la unicamente ao que é inato.

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