CAPITALISMO ACADÊMICO EM PORTUGAL “TANDEM ABVTERE PATIENTIA NOSTRA?”

  • João M. Paraskeva
Palavras-chave: Declaração de Bolonha, Capitalismo Acadêmico, Educação Pública, Teoria Curricular

Resumo

O presente artigo problematiza a divisão tradicional “direita-esquerda”, restituindo uma complexidade que lhe é própria, e conjugando-a com alguns conceitos tratados na contemporaneidade, tais como: centrismo radical; centrismo fundamentalista; neocentrismo radical; liberalismo; neoliberalismo; neoconservadorismo; populismo; absolutismo; Estado; Estado de bem-estar; Estado gerencialista; Estado-nação; público; privado; democracia; escola pública; fundamentalismo mercantilizador; estado de excepção; neofundamentalismo; sociedade disciplinar; sociedade de controle; império; imperialismo; biopolítica; biopoder; êxodos; multidão; povo. Ao mesmo passo que o mundo contemporâneo delineia uma série de revoluções eletrônicas da comunicação e da informação, revoluções genéticas e biotecnológicas; mobiliza também fundamentais transformações políticas, sociais e culturais, destacando-se, neste artigo, a crescente redução de investimento na educação pública, e o progresso de certas chagas sociais que a humanidade julgava estarem erradicadas no final do milênio — o regresso da escravatura, da exploração, da aceleração rápida das desigualdades humanas. As tentativas de controlar as despesas públicas, as reformas nos serviços públicos, e a criação de novas formas de prestação de serviço público, têm acarretado uma progressiva mercantilização da vida quotidiana, uma desresponsabilização do Estado, uma nova ordem mundial que não elimina a exploração, mas a redefine. E é neste contexto que se deve refletir, em Portugal, sobre a grande transformação que se propõe para o ensino superior público, uma transformação subjugada aos limites e possibilidades impostas pela Declaração de Bolonha e, mais recentemente, pelo novo Regime Jurídico — que contempla a possibilidade das universidades e dos politécnicos públicos poderem transformar-se em fundações que obedecem às regras do direito privado. O artigo convoca uma “pedagogia da negação”, não propriamente uma meta-teoria, mas uma contra-teoria que se importa em abordar como é possível manter a liberdade acadêmica; resistir ao mercado promíscuo e à demagógica massificação cultural; e envolver-se com uma investigação curricular que ultrapasse as questões administrativas e normativas.

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Artigos