O Fim da Onda Rosa e o Neogolpismo na América Latina
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Resumo
Este artigo faz um balanço do ciclo dos chamados “governos progressistas” na América Latina, comumente denominado de “onda rosa”. Analisa o esgotamento do referido ciclo, sugere terminologias a partir das quais se pode compreender o fenômeno, e aborda as alternativas conservadoras que vão se impondo. Trata-se em grande medida de uma análise de conjuntura, acrescida de alguns apontamentos mais gerais em torno do conceito de “neogolpismo” e suas variantes. Para que fazer uma análise de conjuntura? Para discutir a realidade em seu momento e buscar intervir nela, o que os cientistas sociais latino-americanos procuraram fazer ao longo de quase toda sua história de intelectuais em países periféricos e profundamente desiguais – no entanto, quase não o fizeram nas últimas décadas. Ainda que sabendo que nossa capacidade de influir na realidade e de prevê-la é reduzida, em grande medida porque os óculos das nossas disciplinas e em particular da Ciência Política nem sempre foram fabricados para nossas realidades específicas, muitas vezes distorcendo-as.
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6 Me parecem inspirados no caso brasileiro os processos de “judicialização” através dos quais se vem procurando
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ambos e com isso impedindo sua volta ao governo em futuro próximo. Para não falar da contaminação da política peruana
pelos escândalos de corrupção da “Lava-Jato”, que levou à renúncia do presidente Pedro Pablo Kuczynski em março de
2018 e vem provocando a criminalização de boa parte do sistema político, incluindo todos os últimos ex-presidentes do
país.
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