USO DO TERRITÓRIO, TURISMO E PANDEMIA
EFEITOS DO NOVO CORONAVÍRUS NOS CIRCUITOS CULTURAIS E NA ECONOMIA DOS PEQUENOS NO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUÍS-MA
Resumo
Neste artigo analisa-se a relação entre uso do território, turismo e pandemia de covid-19 nos circuitos culturais e na economia dos pequenos abrigados no Centro Histórico de São Luís-MA. Ao atingir a metrópole maranhense, a covid-19 causou o fechamento do comércio, a diminuição do número de turistas e o aumento do desemprego, revelando as contradições do território e a maneira como boa parte da população empobrecida se organiza na cidade, produzindo sua economia de acordo com o circuito inferior da economia urbana, dependente do fluxo de pessoas que dinamizam o centro da urbe (turistas, trabalhadores e estudantes). Os pequenos comerciantes e ambulantes do Centro Histórico necessitam, enquanto fonte de renda, da atuação dos circuitos culturais populares e dos circuitos fixos sociais (museus, teatros, bares, discotecas), pois, além de patrimônio histórico, tais fatores também tornam o lugar um destino turístico. Assim, este trabalho foi realizado mediante levantamento bibliográfico, além de incursões de campo entre 17 e 18 de julho de 2020, ocasiões em que se conversou com os sujeitos inseridos na divisão técnica e territorial do trabalho desses circuitos. Os resultados apontam que os entrevistados perceberam forte impacto no turismo, causado pela pandemia, o que gerou diversos problemas sociais e econômicos.
Downloads
Referências
ALMADA, J. A. B. Lugar turístico e território usado: contribuições teóricas ao estudo do turismo a partir da Geografia de Milton Santos. InterEspaço, Grajaú, v. 4, n. 5, p. 197-221. 2018.
ANDRÈS, L. P. C. C. São Luís: reabilitação do centro histórico, patrimônio da humanidade. São Luís: [s. n.], 2012.
ANTUNES, R. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. São Paulo: Boitempo, 2018.
ARROYO, M. A economia invisível dos pequenos. Le Monde Diplomatique Brasil, São Paulo, 4 out. 2008.
BURNETT, F. L. Uso do solo e ocupação territorial na região metropolitana de São Luís: dinâmica econômica e realidade sócio-ambiental dos municípios de São Luís e São José de Ribamar. São Luís: Setagraf., 2012.
CAMPODÓNICO, R.; BERTOLOTTI, L C. El turismo como construcción social: un enfoque epistemo-metodológico. Anuario de Turismo y Sociedad, Bogotá, v. 14, p. 47-63, 2013.
CATAIA, M. Civilização na encruzilhada: globalização perversa, desigualdades socioespaciais e pandemia. Revista Tamoios, Rio de Janeiro, v. 16, n. 1, p. 232-245, 2020.
FERREIRA, A. J. A. Políticas territoriais e a reorganização do espaço maranhense. 2008. Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
IBGE. Cidades: Maranhão. Rio de Janeiro: IBGE, c2017. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ma/panorama. Acesso em: 9 jun. 2020.
INVESTIMENTO no São João gera retorno quatro vezes maior para a economia. Agência de Notícias: Governo do Maranhão, São Luís, 12 jul. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3Gf34ln. Acesso em: 20 jul. 2020.
IPHAN. Cidades históricas: inventário e pesquisa: São Luís. Rio de Janeiro: Iphan, 2006.
IPHAN. Complexo cultural do bumba-meu-boi do Maranhão: dossiê do registro como patrimônio cultural do Brasil. São Luís: Iphan, 2011.
LOPES, J. A. V. Capital moderna e cidade colonial: o pensamento preservacionista na história do urbanismo ludovicense. 2004. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Urbano)
– Universidade Federal do Pernambuco, Recife, 2004.
Lopes, J. A. V (org). São Luís, Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem. Sevilha: Consejería de Obras Públicas y Transportes, 2008.
MARANHÃO. Decreto nº 35.660, de 16 de março de 2020. Dispõe sobre os procedimentos e regras para fins de prevenção da transmissão da COVID-19, institui o Comitê Estadual de Prevenção e Combate à COVID-19 e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Maranhão, São Luís, 16 mar. 2020a.Disponível em: https://bit.ly/3b3Vr2N. Acesso em: 16 jul. 2020.
MARANHÃO. Decreto nº 35.784, de 3 de maio de 2020. Estabelece as medidas preventivas e restritivas a ser aplicadas na Ilha do Maranhão (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa), em virtude da COVID-19 e à vista de decisão judicial proferida pela Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Comarca da Ilha de São Luís, nos autos da Ação Civil Pública nº 0813507-41.2020.8.10.0001; dispõe sobre a suspensão das aulas presenciais nas instituições de ensino que especifica; altera o Decreto nº 35.677, de 21 de março de 2020, e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Maranhão, São Luís, 3 maio 2020b. Disponível em: https://bit.ly/3Gln5GC. Acesso em: 16 jul. 2020.
MARQUES, M. T. C. Condições de habitabilidade no centro histórico de São Luís-MA: estudo das atividades comerciais e de serviços necessários e das atividades incompatíveis. 2002. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Urbano) – Universidade Federal do Pernambuco, Recife, 2002.
MARTINS, A. A. São Luís: fundamentos do patrimônio cultural: séc. XVII, XVIII e XIX. São Luís: [s. n.], 2005.
MESTRE, A. P. Sentidos da modernização na periferia da metrópole: o consumo de energia elétrica na economia dos pequenos em Heliópolis-SP. 2015. Tese (Doutorado em Geografia) – Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015.
PANOSSO NETTO, A.; LOHMANN, G. Teoria do turismo: conceitos, modelos e sistemas. São Paulo: Aleph, 2012.
PRIMEIRO anúncio de uma morte por Covid-19 no Brasil completa um ano. G1, Rio de Janeiro, 17 mar. 2021. Disponível em: https://glo.bo/3Gktx0E. Acesso em: 25 mar. 2021.
RIBEIRO, A. C. T. Pequena reflexão sobre categorias da teoria crítica sobre do espaço: território usado, território praticado. In: SOUZA, M. A. A. (org.). Território brasileiro: usos e abusos. Campinas: Territorial, 2003. p. 141-152.
RIBEIRO, A.C.T. Território usado e humanismo concreto: o mercado socialmente necessário. In: SILVA, C. A. (org.). Formas em crise: utopias necessárias. Rio de Janeiro: Arquimedes, 2005.
SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1997.
SANTOS, M. Por uma economia política da cidade: o caso de São Paulo. São Paulo: Hucitec, São Paulo, 1994.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. São Paulo: Record, 2000.
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. São Paulo: Record, 2001.
SANTOS, M. O espaço dividido. São Paulo: Edusp, 1979.
SANTOS, M. Sociedade e espaço: a formação socioespacial como teoria e método. Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, n. 54, 1977.
SANTOS, S. R. Paisagem solidária: indicadores de sustentabilidade urbana em área turística do centro histórico de São Luís, Maranhão. 2015. Tese (Doutorado em Gestão) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2015.
SÃO LUÍS. Lei nº 3.253, de 29 de dezembro de 1992. Dispõe sobre o zoneamento, parcelamento, uso e ocupação do solo urbano e dá outras providências. Diário Oficial do Município de São Luís, São Luís, 29 dez. 1992. Disponível em: https://bit.ly/3niVy00. Acesso em: 25 jul. 2020.
SETUR MARANHÃO. 2020, o ano que o São João será na nossa casa. Setur Maranhão, São Luís, 2020. Disponível em: https://bit.ly/2Zu3mE9. Acesso em: 25 jul. 2020.
SETUR MARANHÃO. Turismo movimenta R$ 68,8 mi na economia do Maranhão durante Semana Santa. Setur Maranhão, São Luís, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3CeVAMB. Acesso em: 25 jul. 2020.
SILVEIRA, M. L. Uma situação geográfica: do método à metodologia. Território, [s. l.], v. 4, n. 6, p. 21-27, 1999.
SOUZA, J. A modernização seletiva: uma reinterpretação do dilema brasileiro. Brasília, DF: Editora UnB, 2000.
VALADARES, J.; PITOMBO, J. P. Nordeste terá prejuízo de mais de R$ 1 bilhão sem festas de São João. Folha de S. Paulo, São Paulo, 23 jun. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3jx0Zr7. Acesso em: 25 jul. 2020.
