Fam�lia, tomada de decis�o e apoio dos profissionais nas unidades de terapia intensiva: revis�o integrativa
Family, decision-making and support of professionals in intensive care units: an integrative review
Familia, toma de decisiones y apoyo de profesionales en unidades de cuidados intensivos: revisi�n integradora
Neves, Josiele de Lima;[1] Schwartz, Eda;[2] Spagnolo, L�lian Moura de Lima;[3] Lise, Fernanda;[4] Bazzan, J�ssica Stragliotto[5]
RESUMO
Objetivo: analisar a produ��o cient�fica sobre as condutas de apoio dos profissionais �s fam�lias e a participa��o destas no processo de tomada de decis�o diante da interna��o de um dos seus integrantes. M�todo: revis�o integrativa nas bases Latino-Americana e do Caribe em Ci�ncias da Sa�de, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online e COCHRANE com os descritores: Intensive Care Units, Decision making, Family e Personal Satisfaction entre 2015 e 2019. Resultados: foram selecionados 17 artigos em tr�s categorias: �aspectos relacionados com o apoio dos profissionais � fam�lia�; �Voz dos familiares como tomadores de decis�es�; e �Estresse p�s-traum�tico do familiar ao tomar decis�es dif�ceis�. Conclus�o: evidenciou-se a import�ncia do apoio dos profissionais por meio de comunica��o clara e honesta, valorizando a fam�lia como participantes do cuidado no processo de tomadas de decis�es na Unidade de Terapia Intensiva.
Descritores: Enfermagem; Fam�lia; Unidades de terapia intensiva; Satisfa��o pessoal; Tomada de decis�es
ABSTRACT
Objective: to analyze the scientific production on support behaviors of professionals to families and their participation in the decision-making process before the hospitalization of one of their members. Method: integrative review in the Latin American and Caribbean bases in Health Sciences, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online and COCHRANE with the descriptors: Intensive Care Units, Decision making, Family, Personal Satisfaction between 2015 and 2019. Results: 17 articles were selected in three categories: "Aspects related to the support of professionals to the family"; "Voice of family members as decision makers"; and "Post-traumatic stress of the family member when making difficult decisions". Conclusion: the importance of support from professionals through clear and honest communication was evidenced, valuing the family as participants in the process of decision-making in the Intensive Care Unit.
Descriptors: Nursing; Family; Intensive care units; Personal satisfaction; Decision making
RESUMEN
Objetivo: analizar la producci�n cient�fica sobre las conductas de apoyo de los profesionales a las familias y su participaci�n en la toma de decisiones cuando se hospitaliza a uno de sus miembros. M�todo: revisi�n integradora en las bases latinoamericanas y caribe�as en Ciencias de la Salud, An�lisis de la Literatura M�dica y Sistema de Retrieval Online y COCHRANE con los descriptores: Unidades de Cuidados Intensivos, Toma de Decisiones, Familia, Satisfacci�n Personal entre 2015 y 2019. Resultados: Se seleccionaron 17 art�culos en tres categor�as: "Aspectos relacionados con el apoyo de los profesionales a la familia"; "Voz de los familiares como tomadores de decisiones"; y "Estr�s postraum�tico del familiar al tomar decisiones dif�ciles". Conclusi�n: se evidenci� la importancia del apoyo de los profesionales a trav�s de una comunicaci�n clara y honesta, valorando a la familia como part�cipe del cuidado en el proceso de toma de decisiones en la Unidad de Cuidados Intensivos.
Descriptores: Enfermer�a; Familia; Unidades de cuidados intensivos; Satisfacci�n personal; Tomada de decisiones
INTRODU��O
Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), os profissionais costumam tomar decis�es com o amparo da ci�ncia, utilizam os conhecimentos adquiridos ao longo da pr�tica intensivista ou por meio das experi�ncias, com isso, para executar o cuidado humanizado e integral ao paciente e sua fam�lia, os profissionais da UTI necessitam de se adaptar a esta realidade, integrando tecnologias relacionadas com equipamentos e medicamentos essenciais para o desenvolvimento do trabalho.1
Baseadas em nossas pr�ticas, observou-se que no passado a medicina liderava os principais tomadores de decis�es, contudo, com o avan�o cient�fico, os conhecimentos e compet�ncias dos demais profissionais que comp�em a equipe interdisciplinar, tais como enfermeiros e fisioterapeutas, passaram a ser mais respeitados, tornando o processo de tomada de decis�es compartilhado e conectado.
A tomada de decis�o compartilhada � um processo colaborativo que permite que as decis�es de sa�de sejam feitas entre pacientes e/ou familiares e m�dicos, levando-se em considera��o os valores e prefer�ncias do paciente, ao mesmo tempo que usa as melhores evid�ncias cient�ficas dispon�veis para fazer recomenda��es.2 Mas, e quando o paciente est� em estado cr�tico e sem condi��es de interagir com a equipe? � neste contexto que os familiares s�o fundamentais para apoiar a equipe de sa�de, pois s�o os que melhor conhecem os h�bitos, valores e cren�as do familiar sob seus cuidados. Nesse sentido, apoiar a fam�lia e advogar pelo seu direito de inser��o e participa��o nos cuidados, e consequentemente, melhorar a avalia��o da aten��o continua sendo o maior desafio enfrentado pelas equipes de sa�de de UTI.
Para melhorar as pr�ticas com fam�lias, faz-se necess�rio conhecer as melhores estrat�gias, as quais podem ser utilizadas para promover a aproxima��o dos profissionais com os familiares de pacientes internados na UTI e serem ben�ficas no processo de tomada de decis�o desses.3 Assim como as oportunidades oferecidas �s fam�lias para expor suas prefer�ncias, compet�ncias e for�as, que contribuir�o para que estas se sintam integradas ao ambiente e � equipe, a fim de melhorar a avalia��o da qualidade da aten��o oferecida.4
Dessa forma, esse estudo objetivou analisar a produ��o cient�fica sobre as condutas de apoio dos profissionais �s fam�lias e a participa��o destas no processo de tomada de decis�o diante da interna��o de um dos seus integrantes.
M�TODO
Recorreu-se � revis�o integrativa da literatura que apresenta entre seus aspectos a possibilidade de s�ntese e an�lise do conhecimento cient�fico produzido sobre o tema investigado, al�m de identificar lacunas ainda n�o vistas que precisam ser aprimoradas com a realiza��o de novos estudos, contribuindo significativamente para a pr�tica cl�nica.5
O estudo foi realizado de acordo com seis etapas preconizadas, sendo elas: 1.� Etapa: elabora��o da pergunta de pesquisa; 2.� Etapa: sele��o dos estudos prim�rios; 3.� Etapa: identifica��o das caracter�sticas do estudo e extra��o dos dados; 4.� Etapa: avalia��o dos estudos prim�rios; 5.� Etapa: an�lise e interpreta��o dos resultados e 6.� Etapa: apresenta��o da revis�o.5
Para a primeira etapa, utilizou-se o acr�nimo PICo (P- Paciente, Problema ou Grupo; I- Fen�meno de interesse; Co- Contexto).6 Neste estudo, utilizaram-se os seguintes significados: P � condutas adotadas pelos profissionais da UTI para inserir a fam�lia; I � Estrat�gias utilizadas; C- Contexto, mundial; e O � instrumentos ou condutas realizadas por profissionais que resultem em uma aproxima��o da fam�lia do processo de interna��o do paciente na UTI, sendo considerada a seguinte quest�o norteadora: Quais as condutas adotadas pelos profissionais para inserir e apoiar a fam�lia no processo de tomada de decis�o e de sua interna��o na unidade de terapia intensiva?
O levantamento bibliogr�fico foi realizado em fevereiro de 2020 e a busca ocorreu com base na consulta pr�via dos descritores nos dicion�rios Medical Subject Headings (MeSH) e Descritores em Ci�ncias da Sa�de (DeCS). Determinou-se como descritor para a busca nas bases de dados eletr�nicas: Intensive Care Units, Decision making, Family e, por �ltimo, Personal Satisfaction, sendo utilizado o operador boleano �and�, formando-se a estrat�gia de busca da seguinte forma: Intensive Care Units AND Decision making AND Family AND Personal Satisfaction nas bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ci�ncias da Sa�de (LILACS), Pubmed e CROCHRANE.
Para constituir a amostra dos estudos selecionados na presente revis�o integrativa, foram estabelecidos como crit�rios de inclus�o: artigos publicados entre 2015 e 2019, cujo recorte temporal justifica-se por ser um per�odo que antecedeu � pandemia pelo novo coronav�rus, logo, poderiam ser encontradas publica��es relacionadas com a participa��o da fam�lia no contexto da UTI; estudos em ingl�s, portugu�s ou espanhol; dispon�veis na �ntegra ou obtidos por meio de comuta��o na institui��o de ensino, no intuito de evitar que estudos eleg�veis fossem perdidos, o que resultaria em vi�s de sele��o. Foram exclu�dos os estudos realizados em UTI pedi�trica e sobre final de vida na UTI assim como os estudos indexados repetidamente.
Na fase de sele��o, foram revisados 104 estudos e, ao averiguar a conson�ncia com os crit�rios de inclus�o e exclus�o, 87 estudos foram exclu�dos por n�o atenderem o objetivo estudado, um deles por estar duplicado, restando 17 artigos que foram selecionados para compor o estudo de revis�o. A Figura 1 demonstra o processo de identifica��o e sele��o dos resultados, que seguiu as recomenda��es do Preferred Reporting Items for Sistematic Reviews and Meta Analyses (PRISMA).7
src="https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/JONAH/$$$call$$$/api/file/file-api/download-file?fileId=12499&revision=1&submissionId=2272&stageId=5" />Figura 1: Processo de identifica��o e sele��o dos artigos inclu�dos na an�lise final.
Fonte: elaborado pelos autores como recomendado pelo PRISMA.
Os estudos foram classificados quanto � abordagem, delineamento e em rela��o ao N�vel de Evid�ncia (NE). Para a classifica��o dos NE foi empregada a categoriza��o que avalia a hierarquia dos estudos em n�veis que variam de I a VII: N�vel I � meta-an�lise ou revis�es sistem�ticas; N�vel II � ensaio cl�nico randomizado controlado; N�vel III � ensaio cl�nico sem randomiza��o; N�vel IV � estudos de coorte e de caso-controle; N�vel V � revis�es sistem�ticas de estudos descritivos e qualitativos; N�vel VI � estudos descritivos ou qualitativos; e N�vel VII � opini�o de especialistas (Quadro 1).8
Quadro 1: Caracteriza��o dos estudos em rela��o � abordagem, delineamento e n�vel de evid�ncia
Autores |
Abordagem |
Delineamento |
NE* |
|
Observacional |
Experimental |
|||
Havenon A, Petersen C, Tanana M, Wold J, Hoesch R.9 |
Quantitativo |
|
Estudo piloto prospectivo, n�o cego e n�o randomizado |
III |
White DB, Angus DC, Shields AM, Buddadhumaruk P, Pidro C, Paner C, et al.10 |
Quantitativo |
|
Estudo cl�nico randomizado em cluster |
II |
Torke AM, Wocial LD, Johns SA, Sachs GA, Callahan CM, Bosslet GT, et al.11 |
Quantitativo |
|
Estudo piloto randomizado |
II |
Prigerson HG, Viola M, Brewin CR, Cox C, Ouyang D, Rogers M, et al.12 |
Quantitativo |
|
Ensaio cl�nico randomizado controlado |
II |
Seaman JB, Arnold RM, Scheunemann LP, White DB.13 |
Qualitativo |
Descritivo |
|
VI |
Frivold G, Dale B, Sletteb� �.14 |
Qualitativo |
Descritivo |
|
VI |
Cunningham TV, Scheunemann LP, Arnold RM, White D.15 |
Qualitativo |
Descritivo |
|
VI |
Kalocsai C, Amaral A, Piquette D, Walter G, Dev SP, Taylor P, et al.16 |
Qualitativo |
Descritivo |
|
VI |
Wilson ME, Kaur S, Moraes AG, Pickering BW, Gajic O, Herasevich V.17 |
Qualitativo |
Descritivo |
|
VI |
Nelson JE, Hanson LC, Keller KL, Carson SS, Cox CE, Tulsky JA, et al.18 |
Qualitativo |
Descritivo |
|
VI |
Au SS, Ordons AR, Soo A, Guienguere S, Stelfox HT.19 |
Qualitativo |
Descritivo |
|
VI |
Au SS, Ordons ALR, Leigh JP, Soo A, Guienguere S, Bagshaw SM, et al.20 |
Qualitativo |
Descritivo |
|
VI |
Nicoli F, Cummins P, Raho JA, Porz R, Minoja G, Picozzi M.21 |
Qualitativo |
Descritivo |
|
VI |
Petrinec AB, Martin BR.22 |
Quantitativo |
|
Descritivo, longitudinal e prospectivo |
IV |
Miller JJ, Morris P, Files DC, Gower E, Young M.23 |
Qualitativo |
Retrospectivo |
|
VI |
Petrinec AB, Mazanec PM, Burant CJ, Hoffer A, Daly BJ.24 |
Quantitativo |
Longitudinal, descritivo e correlacional |
|
IV |
Butler JM, Hirshberg EL, Hopkins RO, Wilson EL, Orme JF, Beesley SJ, et al.25 |
Quantitativo |
Descritivo |
|
III |
*N�vel de Evid�ncia
Fonte: elaborado pelos autores, 2021.
Depois da sele��o dos artigos, foi realizada a leitura na �ntegra com an�lise criteriosa desses e com o prop�sito de selecionar os que contribu�am para responder � quest�o norteadora. Para a an�lise e interpreta��o minuciosa dos estudos selecionados, elaborou-se um formul�rio contendo dados sobre os artigos: t�tulo; autoria; pa�s do estudo; revista de publica��o; ano; objetivos; m�todo; caracter�sticas da amostra; resultados e conclus�es. Na perspectiva de minimizar os vieses, a extra��o dos dados foi realizada por dois revisores de forma independente, e a resolu��o das discord�ncias ocorreu na presen�a de um terceiro avaliador.
Em rela��o aos preceitos �ticos, houve justi�a, integridade, imparcialidade e respeito aos autores originais das publica��es que compuseram este estudo para, assim, realizar o tratamento dos dados bibliogr�ficos.
Ap�s a an�lise, os dados foram sintetizados para a apresenta��o dos resultados dos 17 estudos, os quais foram agrupados em tr�s categorias tem�ticas para a discuss�o: 1) Aspectos relacionados com o apoio dos profissionais � fam�lia; 2) Voz dos familiares como tomadores de decis�es e; 3) Estresse p�s-traum�tico do familiar ao tomar decis�es dif�ceis. A descri��o dos temas foi apresentada com o n�vel de evid�ncia precedida da caracteriza��o dos estudos.
RESULTADOS
Caracter�sticas dos estudos
Dos 17 estudos, majoritariamente foram realizados nos Estados Unidos da Am�rica 58,8% (n=10);9-13,15,17,18,23,25 seguido do Canad� com 17,7% (n=3);16,19-20 Fran�a com 11,7% (n=2);22,24 Noruega14 e It�lia21 com 5,9% (n=1) cada um.
Em rela��o ao perfil dos profissionais que participaram das publica��es, destacaram-se as publica��es m�dicas com 64,7% (n=11),9,13,15-21,23,25 publica��es de enfermeiros que representaram 17,7% (n=3)14,22,24 e aquelas compostas de equipes interdisciplinares com a participa��o de m�dicos, enfermeiros, assistentes sociais e psic�logos com 17,7% (n=3).10-12
Na classifica��o do NE8 apresentado no Quadro 1, pode-se observar que na tr�s, corresponderam ao N�vel II; dois, ao N�vel III; dois, ao N�vel IV e; dez, ao N�vel VI.
Quanto �s categorias organizadas para a avalia��o dos resultados, 47,1% (n=8)9-16 trataram sobre os aspectos relacionados com o apoio dos profissionais � fam�lia; 29,4% (n=5)17-21 sobre a voz dos familiares como tomadores de decis�es; e 23,5% (n=4)22-25 abordaram o estresse p�s-traum�tico do familiar ao tomar decis�es dif�ceis.
Aspectos relacionados com o apoio dos profissionais � fam�lia
A comunica��o foi o destaque no aux�lio � fam�lia de pacientes norte-americanos que se encontravam na unidade de terapia intensiva, considerada um centro de apoio da equipe, com capacidade de determinar o resultado desejado para pacientes que geralmente s�o incapazes de se comunicar. Tendo em vista ser considerada uma limita��o comum a aus�ncia de familiares devido �s restri��es geogr�ficas, o estudo utilizou tecnologia audiovisual como confer�ncia e videoconfer�ncia para facilitar a comunica��o do m�dico com os outros membros da fam�lia e amigos (NEIII).9
Um estudo randomizado, realizado em cinco UTIs, nos Estados Unidos com pacientes neurocr�ticos e com alto risco de morte, incluindo a de seus familiares, comparou uma interven��o de apoio � fam�lia realizada pela equipe interdisciplinar da UTI com cuidados usuais. A interven��o foi fundamentada na teoria da decis�o, como hip�tese principal de que a interven��o diminuiria a carga de sintomas psicol�gicos em longo prazo, melhoraria a qualidade da tomada de decis�o e da comunica��o m�dico-fam�lia e, ainda diminuiria a dura��o do tratamento intensivo entre os pacientes que n�o sobrevivessem. Identificou-se que o grupo de interven��o apresentou resultados positivos por meio da Escala da Qualidade da Comunica��o (QOC) assim como menor tempo m�dio de perman�ncia na UTI (NEII).10
Nesta conjuntura, com o objetivo de atender �s necessidades da fam�lia, n�o supridas na admiss�o na UTI, foi realizado um estudo-piloto randomizado com 26 familiares para fornecer qualidade na comunica��o com a fam�lia considerando duas dimens�es principais: da informa��o e do amparo emocional. Tinham como meta estabelecer comunica��o com os familiares em 90% dos dias da semana. Com base nos resultados obtidos, evidenciou-se que os familiares recomendaram este tipo de abordagem, e destacou a atua��o de enfermeiras integradas neste modelo, pois demonstraram compet�ncia para facilitar a tomada de decis�o da fam�lia (NEII).11
Em conson�ncia com esses achados, pesquisadores preocupados com a sa�de mental dos familiares tomadores de decis�es prop�em um ensaio cl�nico randomizado controlado com uma nova interven��o cognitivo-comportamental, o m�todo Empower, utilizado para avaliar o estresse peritraum�tico e melhorar os resultados de pacientes e cuidadores no cen�rio de doen�as cr�ticas. Com base na aplica��o deste m�todo, foi poss�vel aprimorar e mobilizar o potencial de bem-estar e resili�ncia emocional entre tomadores de decis�o substitutos de pacientes de UTI, ou seja, o familiar (NEII).12
Com o objetivo de compreender as fun��es dos principais meios de comunica��o com a fam�lia, pesquisadores idealizaram uma plataforma de comunica��o que abrangeu cinco objetivos: estabelecer um relacionamento de confian�a; fornecer apoio emocional �s fam�lias; ajudar as fam�lias a entender as op��es de diagn�stico, progn�stico e tratamento; permitir que os m�dicos compreendam o paciente como pessoa e; criar condi��es para uma delibera��o cuidadosa sobre decis�es dif�ceis. Assim, com o uso dessa plataforma prop�e-se uma comunica��o sistematizada, respeitando a fase em que o familiar se encontra para, aos poucos, envolver a fam�lia nos rounds � discuss�es dos profissionais sobre o quadro di�rio do paciente, das metas e formula��o de um plano de tratamento, at� mesmo nos planejamentos (NEVI).13
Baseado no m�todo hermen�utico, um estudo noruegu�s objetivou esclarecer o significado do cuidado de enfermeiros e m�dicos para familiares em UTI; na entrevista com treze familiares de pacientes cr�ticos, foi poss�vel compreender que a fam�lia desempenha distintos pap�is: de receptor, o qual implica experi�ncias de cuidados informativos e de apoio de enfermeiros e m�dicos e; o de participante, que implica a experi�ncia dos familiares de se sentirem inclu�dos e de poderem participar de atividades de cuidado e processos de tomada de decis�o. Com isso, o estudo salientou as qualidades das rela��es com cuidados informacionais e de suporte, os quais s�o fundamentais para que a fam�lia confie e permane�a com sentimentos de gratid�o ao sistema de sa�de (NEVI).14
Um estudo buscou compreender como os m�dicos auxiliavam as fam�lias norte-americanas a tomarem decis�es. Foram realizadas 73 confer�ncias, nas quais os m�dicos antecipavam a discuss�o dos objetivos de atendimento a pacientes incapacitados e com alto risco de morte. Observaram-se tr�s tipos gerais de orienta��o: aconselhar sobre um ou mais princ�pios padr�o do familiar tomador de decis�o (24% das confer�ncias); aconselhar familiares a tomar decis�es centradas no paciente como pessoa, sem especificar como realizariam isso (14% das confer�ncias); e aconselhamento de substitutos para tomar decis�es com base nos valores da fam�lia (8% das confer�ncias). O estudo apontou que os m�dicos n�o ofereciam informa��es normativas para os tomadores de decis�o, consequentemente, estas foram destacadas como orienta��es e informa��es incompletas (NEVI).15
As principais interven��es realizadas pelos profissionais intensivistas para apoiar e aproximar a fam�lia durante o processo de interna��o na UTI est�o descritas no Quadro 2.
Quadro 2 � Medidas para apoiar a fam�lia durante a interna��o na UTI
Medidas para incentivar a comunica��o |
|
M�dicos.9 |
Reuni�es por videoconfer�ncia |
Enfermeiros e m�dicos.10 |
Treinamento em comunica��o para a equipe da UTI; ensino did�tico, modelagem das pr�ticas das habilidades; reuni�es di�rias com o enfermeiro e reuni�es m�dico-fam�lia dentro de 48 horas e a cada 5 a 7 dias; apoio � implementa��o por um especialista em melhoria da qualidade |
Assistente Social, Enfermeiro, M�dico.11 |
Qualificar a comunica��o com a fam�lia considerando duas dimens�es principais: informa��o e apoio emocional |
Assistente social, M�dicos e psic�logos.12 |
M�todo Empower para aprimorar e mobilizar o potencial de bem-estar e resili�ncia emocional entre tomadores de decis�o |
M�dicos.13 |
Proposta de um modelo para integrar diferentes plataformas de comunica��o |
Enfermeira.14 |
Esclarecer � fam�lia o significado de cuidar de enfermeiros e m�dicos em Unidades de Terapia Intensiva |
M�dicos.15 |
Confer�ncia para orientar na tomada de decis�o |
Medidas para dar voz aos familiares |
|
M�dicos.16 |
Incentivar os familiares a participar dos rounds |
M�dicos.17 |
Conhecer as necessidades da fam�lia |
M�dicos.18 |
Estabelecer troca de informa��es |
M�dicos.19 |
Escutar as percep��es dos familiares |
M�dicos.20 |
Descrever a percep��o do familiar sobre os rounds |
M�dicos.21 |
Consultar o familiar sobre as vontades do paciente |
Medidas para apoiar e avaliar o estresse p�s-traum�tico |
|
Enfermeiros.22 |
Pesquisa de avalia��o do estresse |
M�dicos.23 |
Pesquisa sobre conflito de decis�o |
Enfermeiros.24 |
Pesquisa para avaliar tomada de decis�o |
M�dicos.25 |
Pesquisa para avaliar a personalidade, o estresse, a tomada de decis�o e o suporte social |
Fonte: elaborado pelos autores, 2021.
Voz dos familiares como tomadores de decis�es
Para contribuir para o fortalecimento da fam�lia como tomadores de decis�o, um estudo realizado por m�dicos e enfermeiros canadenses utilizou o referencial te�rico denominado Alian�a Terap�utica para melhorar o relacionamento com a fam�lia e promover a comunica��o, integra��o, colabora��o e capacita��o dos membros. Os familiares perceberam que os m�dicos foram os que mais colaboraram para a sua capacita��o para a tomada de decis�es, j� que incentivaram a participa��o nos rounds, o que promoveu satisfa��o pela oportunidade de conhecer o que estava acontecendo com o familiar para a melhor tomada de decis�o em rela��o aos cuidados. Por outro lado, tamb�m referiram que o fato de participarem dos rounds interdisciplinares n�o contribuiu para que estes se sentissem integrados aos cuidados. Os familiares revelaram as barreiras e oportunidades perdidas pelos m�dicos para integra��o informal a esses, o que dificultou a integra��o positiva entre prestadores de cuidados e fam�lia assim como o preparo para a tomada de decis�es (NEVI).16
Considerando a necessidade de conhecer a fam�lia, os norte-americanos realizaram um estudo qualitativo, a fim de identificar as informa��es importantes para que os cl�nicos conhe�am as fam�lias ao tomarem decis�es. As informa��es identificadas poder�o ser usadas para orientar as estrat�gias e servir como ferramentas para melhorar a qualidade da aten��o bem como promover a comunica��o com as fam�lias (NEVI).17
Um estudo cl�nico randomizado realizado nos Estados Unidos revelou que quando a equipe m�dica prov� informa��es sobre o quadro cl�nico, os familiares respons�veis reagem com receptividade, reflex�o, emo��o e entendem seu papel de substituto para as decis�es a serem tomadas. � importante que os profissionais de sa�de entendam de que forma pode ocorrer essa rea��o, para melhorar seu atendimento, apoio e interven��o (NEII).18
Um estudo canadense realizou, em quatro unidades, uma pesquisa com abordagem quantitativa para descrever experi�ncias, prefer�ncias e percep��es da participa��o da fam�lia e comparar as perspectivas dos profissionais. Por meio de uma escala Likert, foi poss�vel destacar que os familiares se sentiram bem-vindos, respeitados e inclu�dos (NEVI).19
Ainda sobre os rounds, um estudo observacional multic�ntrico, realizado no Canad�, descreveu sobre a participa��o dos familiares nos rounds, nos quais os provedores permitiam receber at� dois familiares; as fam�lias referiram que n�o se sentiriam ofendidas caso fosse necess�rio que apenas um membro precisasse atuar como representante em decorr�ncia de limita��es do espa�o f�sico. Quanto � localiza��o, a maioria dos provedores preferiu que os encontros acontecessem fora do quarto quando os pacientes estivessem acordados e, no leito, quando inconsciente. J� as fam�lias apresentaram prefer�ncia oposta para ambas as situa��es. Em rela��o ao processo, os m�dicos referiram convidar os familiares para a rodada, apresentar a equipe e o que foi discutido em rodadas anteriores sem termos t�cnicos, e a oportunidade de fazer perguntas, e as fam�lias referiram preferir fazer perguntas ao final da rodada (NEVI).20
Na It�lia, para entender at� que ponto o tratamento seria proporcional ao desejo do paciente, foi analisado um determinado caso, em que o familiar expressou a voz do paciente, apresentando a vontade de n�o receber interven��es de manuten��o de vida, consideradas f�teis pelo paciente. Diante desse dilema �tico, a equipe composta de m�dicos e enfermeiros, por acreditar que a terapia de manuten��o de vida era clinicamente indicada, solicitou, no terceiro dia de hospitaliza��o, o apoio de consultores de um centro de �tica para saber como proceder nesse caso (NEVI).21
Estresse p�s-traum�tico do familiar ao tomar decis�es dif�ceis
Para sinalizar as indica��es da s�ndrome de cuidados intensivos, estrat�gias de enfrentamento e qualidade de vida relacionada com a sa�de entre os tomadores de decis�o da fam�lia durante e ap�s a hospitaliza��o prolongada dos pacientes, um estudo descritivo, longitudinal, prospectivo e realizado na Fran�a, utilizou o instrumento Short Form-36 para mensurar a qualidade de vida relacionada com a sa�de em 30 familiares no momento da admiss�o, 30 e 60 dias ap�s a interna��o. O enfrentamento, focado no problema, foi a estrat�gia mais utilizada, e identificou-se uma preval�ncia significativa de indica��es da s�ndrome (NEIV).22
Em um estudo qualitativo prospectivo, utilizou-se uma Escala de Conflitos de Decis�o - Decision Conflict Scale (DCS) com 42 familiares de pacientes norte-americanos. A maioria referiu ter sido respons�vel pela tomada de decis�o em nome de seu familiar gravemente enfermo e apresentou baixos n�veis de arrependimento decisional. Um conflito mais decisivo foi evidenciado naqueles substitutos que enfrentam decis�es de final de vida, especificamente no subconjunto de perguntas que lidam com a incerteza (NEVI).23
As estrat�gias de enfrentamento utilizadas pelos tomadores de decis�o foram avaliadas em um estudo quantitativo com 176 franceses. Para tanto, foram utilizados os instrumentos Brief COPE para identificar como o familiar costuma manejar as situa��es estressantes de uma maneira habitual e a Escala de Impacto de Evento - Events Scale-Revised (IES). Nesse, evidenciou-se que o uso da estrat�gia de enfrentamento � um preditor significativo da gravidade dos sintomas de estresse p�s-traum�tico em tomadores de decis�o familiares, 60 dias ap�s a interna��o (NEIV).24
Considerando a UTI como um ambiente estressante e o risco de o familiar desenvolver morbidade psicol�gica persistente, um estudo quantitativo desenvolvido nos Estados Unidos utilizou v�rios instrumentos para avaliar as dimens�es da personalidade, o enfrentamento do estresse, as prefer�ncias compartilhadas de tomada de decis�o, o suporte social, al�m de uma experi�ncia simulada de tomada de decis�o. Dessa forma, conseguiram identificar distintos perfis de familiares, fato que refor�ou a necessidade de adaptar a comunica��o e o suporte conforme o perfil de enfrentamento, o que pode representar um caminho importante para melhorar a experi�ncia na UTI para pacientes e familiares (NEIII).25
DISCUSS�O
Ao analisar as publica��es referentes �s condutas de apoio dos profissionais e a participa��o da fam�lia no processo de tomada de decis�o durante a interna��o na unidade de terapia intensiva, identificou-se uma diversidade de informa��es sobre a tem�tica. Dentre os estudos que objetivaram expor os aspectos relacionados com o apoio dos profissionais � fam�lia, categoria com maior n�mero de estudos, observou-se uma variedade de estrat�gias adotadas pelos profissionais, o que comprova um empenho dos profissionais em se aproximar da fam�lia.
Reuni�es produtivas com os familiares podem diminuir o luto e facilitar decis�es relativas ao status quo, consulta sobre cuidados paliativos, ventila��o mec�nica e di�lise.9 Neste cen�rio, a comunica��o efetiva e de qualidade interfere nas decis�es dos familiares, por consequ�ncia, tamb�m afeta o resultado.9 Estudos14-15 apontam a preocupa��o de enfermeiros e m�dicos com a qualidade da comunica��o. Sobretudo,9 valorizar esta pr�tica, mesmo que seja por meio de videoconfer�ncia, dinamiza o processo de tomada de decis�es, deixa a fam�lia mais confiante na equipe interdisciplinar e a torna participativa nas condutas, principalmente, quando a gravidade do estado de sa�de do paciente o impede de expor suas vontades.
Os mecanismos de apoio aos familiares foram propostos majoritariamente por m�dicos, o que evidencia uma preocupa��o desses profissionais em comunicar com qualidade. A comunica��o interfere na qualidade das decis�es tomadas pela fam�lia, pois auxilia no enfrentamento do luto, visto que ameniza os sintomas psicol�gicos em longo prazo.9-10 A situa��o relacionada com o fato de os familiares terem acesso � informa��o contribui efetivamente para que eles se sintam amparados e permane�am confiando nos profissionais;11,14 estrat�gias como envolver os familiares nas metas e planos de tratamento poder�o contribuir para aproxim�-los e auxili�-los durante a perman�ncia na UTI.13
Estudo apontou fragilidades na comunica��o entre m�dicos e familiares, mas destacou que houve um empenho para fortalecer essa pr�tica, principalmente considerando os familiares como os apoiadores no processo de tomada de decis�o, preocupados que essa decis�o seja bem documentada.15 Em estudo realizado por m�dicos, os enfermeiros receberam destaque por serem os profissionais que demonstram empatia e por constru�rem conex�es emocionais ao oferecer conforto f�sico e linguagem informal, o que facilitou a comunica��o. Essa intera��o entre prestadores de cuidados e familiares de pacientes � multidimensional, nesse sentido, a comunica��o eficaz entre eles � considerada um fator redutor de custos de interna��o.16
Os familiares amparados e acolhidos pela equipe interdisciplinar podem contribuir para a recupera��o do paciente. Ele tende a se sentir mais revitalizado ao perceber a presen�a do seu familiar e, sobretudo o carinho da equipe por ele. � beira do leito de UTI, s�o os familiares mais pr�ximos que escutam os desejos e opini�es do paciente. Entretanto, muitas vezes, pela situa��o cr�tica de adoecimento, as opini�es podem ser fornecidas por �queles que ao longo da vida conheceram os valores daquele paciente.
Para estabelecer uma conex�o com os pacientes, os m�dicos priorizam conhec�-los por meio de informa��es sobre antecedentes familiares, perguntas, entendimento, objetivos, preocupa��es, bem-estar e pedidos de informa��es adicionais. J� para as fam�lias se aproximarem da din�mica do atendimento, pode-se incluir diagn�stico, tratamentos, progn�stico, status, hor�rio, conforto, metas de atendimento, equipe m�dica e inclus�o da fam�lia.17
Os pacientes cr�ticos podem, muitas vezes, n�o ter condi��es de opinar sobre as op��es de tratamento e cuidado, neste contexto, a voz dos familiares como tomadores de decis�o pode ser necess�ria. Autores21 abordam os dilemas �ticos referentes a quem deveria tomar decis�es sobre os procedimentos quando o paciente perde a capacidade de decidir; como promover a integra��o, envolvimento, colabora��o e capacita��o das fam�lias com os prestadores de cuidados;16 a participa��o da fam�lia nos rounds e discuss�es;19-20 e as informa��es mais relevantes para familiares.17
Por�m, profissionais destacam que as fam�lias precisam ser consultadas sobre suas prefer�ncias na participa��o dos rounds, o que pode impactar na avalia��o da qualidade do atendimento � fam�lia.19 O aumento no tempo necess�rio para a realiza��o desta pr�tica foi destaque, assim como o risco de gerar desconforto e ser necess�rio atender os familiares em uma sala reservada, onde h� menor restri��o de tempo e menos formalidade. Por outro lado, a participa��o dos familiares pode proporcionar educa��o em sa�de, melhorar o relacionamento da fam�lia com a equipe e diminuir a necessidade de orienta��es em reuni�es exclusivas �s fam�lias.20
Vale destacar que nem todos os familiares querem, por exemplo, receber informa��es sobre o progn�stico m�dico do familiar hospitalizado na UTI, mesmo reconhecendo a import�ncia do progn�stico como base para a tomada de decis�es, com expectativas de manter a esperan�a em um resultado melhor.18
Para auxiliar as tomadas de decis�o, autores sugerem o m�todo denominado abordagem de �quatro caixas� como uma maneira emp�rica de analisar e resolver quest�es de �tica cl�nica, usando casos particulares, onde os julgamentos alcan�ados dependem de julgamentos alcan�ados em casos anteriores.21 Essa t�cnica est� apoiada em quatro t�picos considerados constitutivos da estrutura essencial de um caso cl�nico: indica��es m�dicas, prefer�ncias do paciente, qualidade de vida e caracter�sticas contextuais.
Para tomar decis�es, � necess�rio ter um m�nimo de conhecimento sobre o desejo do paciente, suas reais condi��es de sa�de, al�m de considerar sua individualidade e rotinas. A participa��o da fam�lia nesse processo precisa ter o apoio dos profissionais intensivistas para minimizar arrependimentos. Nesse contexto, autores destacam que os membros da fam�lia de pacientes cr�ticos podem sofrer sintomas de Post-Intensive Care Syndrome-Family (PICS-F), o que inclui ansiedade, depress�o e transtorno de estresse p�s-traum�tico (TEPT) e que, por sua vez, poder� reduzir a qualidade de vida. Destaca-se que, quando h� hist�rico de ansiedade e depress�o anteriores ao processo de tomada de decis�o, este se torna um preditor significativo da gravidade e preval�ncia dos sintomas de TEPT durante o processo.22
Os familiares de pacientes cr�ticos na unidade de terapia intensiva enfrentam morbidade significativa, uma vez que o processo de tomada de decis�o que desempenham tem um papel significativo na morbidade psicol�gica associada ao fato de ser um substituto na UTI. Assim, evidencia-se que os membros da fam�lia que enfrentam decis�es importantes de final de vida t�m mais conflitos e arrependimentos decis�rios do que �queles que enfrentam decis�es fora do contexto de fim de vida.23 No entanto, pode ser que o papel do tomador de decis�o para a morte de seu familiar seja o �nico preditor n�o traum�tico de sintomas de estresse p�s-traum�tico.24
O perfil de enfrentamento entre os membros da fam�lia � um fator importante que pode diferenciar nas tomadas de decis�es. Al�m disso, destaca-se que o apoio dos profissionais � decis�o na UTI � de extrema import�ncia e deve considerar o perfil de enfrentamento e atributos individuais dos familiares assim como o tipo de decis�o e em qual situa��o se encontra o paciente internado.25
Identifica-se como limita��o neste estudo a car�ncia de publica��es que associam as condutas de apoio dos profissionais e a participa��o da fam�lia no processo de tomada de decis�o durante a interna��o na unidade de terapia intensiva, al�m disso estima-se que na medida em que as visitas sejam menos restritivas, n�o apenas para os pacientes pedi�tricos e em fase terminal, poder-se-ia dispor de mais artigos para a discuss�o. A inclus�o de apenas tr�s bases de dados, tamb�m pode ser considerada limita��o do estudo.
Como contribui��o para a �rea da enfermagem e sa�de, este estudo apresenta a possibilidade de discutir sobre a participa��o dos familiares com vistas a valoriz�-los no contexto da interna��o na Unidade de Terapia Intensiva, e destacar a necessidade de t�-los como aliados para otimizar a recupera��o do paciente cr�tico.
CONSIDERA��ES FINAIS
A an�lise dos estudos permitiu evidenciar os aspectos mais relevantes sobre a participa��o da fam�lia no processo de interna��o do paciente na UTI. Com destaques para a import�ncia da comunica��o clara e honesta com os familiares para o estabelecimento da confian�a.� �, ainda invi�vel afirmar qual seria a melhor abordagem, ou a abordagem ideal a ser realizada com fam�lias de pacientes de UTI, mas, dentre os procedimentos adotados para melhorar a avalia��o da fam�lia sobre a qualidade da aten��o, destacaram-se a valoriza��o da fam�lia, sua inclus�o nos rounds, participa��o nos cuidados, al�m da disponibilidade do profissional para atender �s suas necessidades com o uso de linguagem informal.
REFER�NCIAS
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Recebido em: 27/03/2021
Aceito em: 07/07/2022
Publicado em: 30/07/2022
[1] Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: josiele_neves@hotmail.com ORCID: 0000-0002-8754-059X
[2] Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: edaschwa@gmail.com ORCID: 0000-0002-5823-7858
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[5] Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: jessica_bazzan@hotmail.com ORCID: 0000-0002-8457-134X
Como citar: Neves JL, Schwartz E, Spagnolo LM, Lise F, Bazzan JS. Fam�lia, tomada de decis�o e apoio dos profissionais nas unidades de terapia intensiva: revis�o integrativa. J. nurs. health. 2022;12(3):e2212320895. DOI: https://doi.org/10.15210/jonah.v12i3.2272